A Câmara dos Deputados sofreu uma reviravolta na disputa pela presidência da Casa nos últimos dias. Os capítulos da novela indicavam o nome de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) para comandar os trabalhos em 2025, mas o surgimento de um novo nome mudou os rumos da disputa: o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).

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Motta é líder do Republicanos na Câmara dos Deputados e deve ser o indicado por Arthur Lira (Progressistas-AL) para a sucessão na presidência da Casa. O nome deve ser anunciado até o fim desta semana.

O parlamentar foi cogitado por Lira, que vê bom trânsito do deputado com diversas alas da Câmara dos Deputados. A força sobre o nome de Motta aumentou após o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em reunião com Lira na última semana.

Hugo Motta não estava nem entre os cotados para o comando da Câmara em 2025. Os favoritos na disputa eram Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Antônio Brito (PSD-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP), presidente nacional do partido de Motta.

Na costura para um candidato, Lira queria ter uma aprovação nos moldes da sua eleição de 2023, com aprovação de ampla maioria da Casa. Para isso, seria necessário a escolha de um nome de consenso tanto de Lula quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Pereira recebeu aval de Lula, mas o veto de Bolsonaro, devido às divergências entre eles após o deputado se colocar mais ao centro e reduzir o seu apoio ao ex-presidente. Isso acabaria por prejudicar os votos do PL, maior bancada individual na Casa.

Antônio Brito é um nome que agrada o Planalto e tem bom trânsito por todas as alas da Câmara. O impasse fica por conta do veto de Lira ao nome do baiano.

Já Elmar Nascimento era o favorito de Arthur Lira e foi colocado como o próximo presidente por muitos deputados que conversaram com a reportagem do site IstoÉ. A derrocada acontece devido à reprovação dos deputados do “baixo-clero”, aqueles que não têm força para decisões, mas possuem votos importantes e que podem decidir a eleição.

No caso de Hugo Motta, as aprovações das duas alas e do baixo-clero colocam as expectativas de votação acima dos 400 votos. Além de Lira, Lula deve o colocar como um indicado do governo para a sucessão.

Retirada de candidaturas

Lira havia prometido indicar um nome em agosto, mas as travas nas negociações e o enfraquecimento de Elmar Nascimento provocaram o adiamento do anúncio. O acordo só deve ser selado após todos os adversários desistirem das candidaturas.

A tarefa não deve ser fácil. Marcos Pereira, até o momento, foi o único que formalizou a desistência. Mesmo resistente, o presidente do Republicanos teria um nome de seu partido no comando da Câmara, além da manutenção do ministro Silvio Costa Filho na pasta de Portos e Aeroportos.

Já Elmar Nascimento deve conversar com Lira nos próximos dias. Pressionado, o líder do União Brasil pode ter mais facilidade de desistir, mas, segundo um interlocutor, será necessário negociar uma troca para que ele não perca o poder de influência na Casa.

O nome mais resistente é Antônio Brito. Uma fonte próxima ao deputado afirmou que ele não deve retirar a sua candidatura e que tem o aval do presidente da legenda, Gilberto Kassab, para bater de frente com a candidatura.