Hugo Motta afirma que papel da Polícia Federal é ‘inegociável’ no combate às facções

O presidente da Câmara dos Deputados ainda garantiu que a Casa não pretende aprovar nenhum texto que impacte a soberania nacional

Mário Agra/Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) afirmou nesta terça-feira, 11, que o papel da Polícia Federal é “inegociável” e não há interesse em retirar os poderes da corporação no combate às facções criminosas.

Durante entrevista coletiva, Motta ainda declarou que a Câmara não pretende aprovar nenhum projeto que impacte a soberania nacional. E destacou que as narrativas levantadas de que as alterações no PL Antifacção enfraqueceria a PF são inverídicas.

Em outro momento, o presidente da Câmara defendeu a escolha do deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) para a relatoria do projeto, alegando que a matéria não pode ser considerada palco político de qualquer um dos lados (governo e oposição).

“Nossa expectativa é até amanhã construir o diálogo com as lideranças da casa e quem sabe votar no plenário”, concluiu Motta.

Em seguida, Guilherme Derrite afirmou que prefere “crer que houve um equívoco de interpretação do substitutivo” do texto.

Diretor-geral da PF critica o projeto

Ainda nesta terça, o diretor geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, concedeu uma entrevista à CNN na qual criticou as mudanças no PL Antifacção em relação às atribuições da corporação, pois ferem “os princípios constitucionais”.

Rodrigues também destacou ser contra as “limitações” do trabalho da PF. Para ele, a versão do projeto apresentada por Derrite pode acarretar “malefícios” no enfrentamento ao crime organizado.

Por fim, o diretor-geral explicou que, caso a lei já estivesse em vigor, a corporação não poderia atuar no caso de Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada a tiros no Rio de Janeiro em 2018.

Falta de consenso sobre o texto

Sem consenso em torno do texto, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), retirou o PL Antifacção da pauta de votações. A votação deve acontecer apenas na quarta-feira, 12, e novas mudanças no mérito podem acontecer.

O relator do texto, o deputado Guilherme Derrite, chegou a fazer alterações no texto após uma conversa com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. No novo relatório, Derrite deixou aberta a possibilidade da participação da PF no combate ao crime organizado, mas ainda mediante um aval das autoridades estaduais. Nos corredores, o projeto ainda desagrada o governo, a PF e parte do Centrão.

A proposta foi enviada ao Congresso pelo Palácio do Planalto em resposta à operação no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho que deixou 121 mortos no fim do mês passado. O texto é visto por interlocutores do Planalto como a chance de colocar o tema na pauta da candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A escolha de Derrite como relator, inclusive, incomodou o Planalto e deputados da base governista. Na avaliação deles, a escolha foi uma provocação a Lula para fortalecer a oposição, já que o deputado é secretário de Segurança Pública licenciado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), possível adversário do petista nas eleições de 2026.