Gerar informações sobre o impacto climático das organizações de diferentes setores de forma padronizada e com capacidade de apoiar tomadas de decisão seguras. Esse é o objetivo do Climate Finance Hub lançado na manhã da quinta-feira, 17, num evento na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em São Paulo.

“O setor financeiro vem sendo cada vez mais cobrado sobre a importância da questão climática. Vemos o interesse dos empreendedores em participar desse processo de redução do carbono na atmosfera”, afirmou Christianne Maroun, coordenadora do Hub.

Um exemplo disso é a resolução 193 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de outubro de 2023 que determina que companhias abertas listadas na Bolsa brasileira terão obrigação de reportar em conformidade com as normas internacionais IFRS S1 e S2 a partir de 2026. Estas normas exigem a publicação de informações sobre riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade com potencial para afetar os fluxos de caixa.

“O Hub cria pontes que são extremamente necessárias para que seja alcançado o objetivo que precisamos que é uma economia de baixo carbono”, disse Maroun.

O objetivo do Hub é oferecer ferramentas “one-stop-shop”, segundo a coordenadora, para análise de transição climática. Além disso, também se propõe a treinar e criar uma comunidade de analistas capacitados.

A meta é permitir que as ações e o desempenho climático das diferentes empresas possam ser comparáveis, apoiando o setor financeiro na tomada de decisões mais seguras e alinhadas a uma transição climática justa.

A análise dos dados dos relatórios corporativos e das plataformas de divulgação (disclosure) internacionais – como o CDP e o SBTi – é feita na metodologia Accelerate Climate Transition (ACT) adaptada à realidade brasileira e ancorada na plataforma TransitionArc, da Climate Arc.

O presidente do conselho do Climate Finance Hub, o ex-ministro Joaquim Levy, afirmou que o Brasil tem muito a mostrar e um grande potencial a explorar nos temas ligados à transição climática, ecológica. Na mesma linha, a presidente do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Maria Netto, pontuou que as grandes companhias estrangeiras que atuam no Brasil vão pedir, cada vez mais, que os parceiros e subsidiárias no País mostrem o que estão fazendo.

“O Brasil tem muita dificuldade de mostrar o que está sendo feito no tema da descarbonização”, disse Netto. Ela argumentou que o sistema financeiro, através de associações como a Anbima e a Febraban, têm sido muito inovadoras e os reguladores fazem um trabalho importante, mas que era necessário uma ferramenta de relato, como a trazida pelo Hub.

O Climate Finance Hub é coordenado por um consórcio formado pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), que existe desde 1992, o Grupo de Finanças e Investimentos Sustentáveis (gFIS/UFRJ) e a Coopera Clima, com parceria da Climate Arc, do Instituto Itaúsa, e do Instituto Clima e Sociedade (iCS).