Colocada na lista negra dos Estados Unidos por razões de segurança, a gigante chinesa de telecomunicações Huawei antecipa uma “escalada” das sanções americanas em 2020, mas permanece “confiante em sua sobrevivência” – afirmou seu fundador, Ren Zhengfei, nesta terça-feira (21), em Davos.

“Este ano, os Estados Unidos poderiam intensificar sua campanha contra a Huawei, mas não acho que o impacto sobre nossas atividades será muito grande (…) Para 2020, temos segurança de nossa sobrevivência, mesmo diante de novos ataques”, disse Ren a uma plateia de grandes empresários e líderes políticos reunidos no Fórum Econômico Mundial (WEF) em Davos, na Suíça.

Em 2019, “em geral, superamos os desafios” levantados pelas pressões americanas, insistiu, considerando que “os Estados Unidos não deveriam se preocupar excessivamente com a Huawei e com seu lugar no mundo”.

Número dois no mundo dos smartphones e líder em equipamentos de telecomunicações 5G, a Huawei está no coração de um impasse entre Pequim e Washington, que teme que seu equipamento seja usado para fins de espionagem. Estas acusações são refutadas de modo categórico pelo grupo chinês.

O governo Trump proibiu as empresas americanas de venderem equipamentos para a Huawei, e Washington está pressionando seus aliados ocidentais a também proibirem a gigante chinesa dos canteiros de obras de suas futuras redes 5G.

A Huawei, que também teve negado o acesso ao sistema operacional Android do Google para seus smartphones, disse que, no final de dezembro, prevê um faturamento abaixo das previsões para 2019 e fará de sua “sobrevivência” sua prioridade em 2020.

Questionado sobre os riscos de uma “guerra fria tecnológica” dividindo o mundo em dois blocos, Ren garantiu nesta terça-feira “não acreditar nesse cenário”.

“A ciência se baseia na verdade, que é única”, e as duas potências permanecem “conectadas”, declarou.

“Os Estados Unidos estão preocupados. Eles estavam acostumados a ser o número um no mundo e, se (outro país) se torna melhor do que eles, podem ficar desconfortáveis”, observou este ex-engenheiro do Exército de Libertação Popular, que fundou a Huawei em 1987.

Por coincidência do calendário, Ren Zhengfei falou em Davos apenas algumas horas após o início de uma audiência de sua filha, Meng Wanzhou, diretora financeira da Huawei, em um tribunal de Vancouver. Será esta corte que determinará se ela deve ser extraditada para os Estados Unidos.

Meng foi presa pelas autoridades canadenses em dezembro de 2018, a pedido de Washington, que a acusa de ter burlado as sanções americanas contra o Irã e, agora, quer julgá-la por fraude.