01/03/2019 - 16:13
SÃO PAULO, 1 MAR (ANSA) – Dormitórios e banheiros acessíveis, rampas e elevadores são algumas das determinações da legislação brasileira para tornar hotéis e pousadas no Brasil acessíveis.
No entanto, as barreiras enfrentadas por deficientes físicos vão além dessas estruturas no momento de escolher uma hospedagem para férias ou trabalho. É comum que os balcões de recepção de hotéis sejam o dobro da altura de um cadeirante, ou que faltem atendentes treinados na Língua Brasileira de Sinais. Deficientes visuais também se deparam com a dificuldade de conhecerem as instalações dos estabelecimentos. A tecnologia, assim como já ajudou milhares de viajantes e turistas pelo mundo, vem desenvolvendo soluções para que portadores de deficiências também desfrutem das comodidades de hotéis ou pousadas, independentemente de suas limitações física, sensorial, intelectual ou mental. A empresa brasileira Sinal Link Acessibilidade desenvolveu o “Kit SL Basic”, formado por relógio despertador com alarme vibratório, amplificador móvel do volume da chamada telefônica, sensor wireless luminoso e sonoro para sinalização da campainha e toque do telefone, além da batida de porta adaptada para quartos de hotéis. “A ideia é que esse kit fique no balcão do check-in do hotel e seja colocado no quarto de acordo com o hóspede que precisar”, acrescentou Marcos Alencar, diretor comercial da Sinal Link.
O kit será apresentado na 16ª Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade (Reatech), que ocorre entre os dias 13 e 16 de junho, em São Paulo. Organizado e promovido pela Cipa Fiera Milano, o evento apresentará dezenas de novidades tecnológicas voltadas para a acessibilidade. A edição deste ano também dará espaço para startups do setor.
As soluções tecnológicas para hospedagem que serão apresentadas na Reatech vem ao encontro do decreto presidencial de 1 de março de 2018 sobre a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) da Pessoa com Deficiência.
O texto, que regulamenta a Lei sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2015, prevê que os estabelecimentos deverão disponibilizar, no mínimo, 5% dos dormitórios com recursos de acessibilidade. Ou seja, dos 10% dos dormitórios que pela Lei têm de possuir adaptações para deficientes, metade precisa ser adaptado para pessoas com limitações físicas. O setor de tecnologia para hospedagem e acessibilidade também está aquecido devido a outro projeto de lei, que ainda está em tramitação na Câmara dos Deputados. A proposta 230/19 prevê que os hotéis e pousadas que não garantirem um dormitório com acessibilidade deverão oferecer um desconto de 10% nas diárias para hóspedes com alguma deficiente.
De acordo com o decreto, ficou determinado que todas as áreas de livre acesso aos hóspedes, como garagens, estacionamentos, recepção, elevadores, áreas de circulação, entre outros, devem respeitar as normas de acessibilidade em edificações de uso coletivo. Além disso, a regra também inclui às áreas de lazer, salas de convenções, salões de cabeleireiro, lojas e a qualquer espaço dentro do hotel. “Os hoteleiros ainda estão se preparando, mas têm muita coisa para fazer. O Ministério da Educação (MEC), por exemplo, cobra muito das instituições de ensino superior o cumprimento da lei de acessibilidade. Mas, no caso do setor hoteleiro, falta uma cobrança maior dos órgãos responsáveis, porque senão os estabelecimentos vão fazendo o mínimo”, explicou Alencar. (ANSA)