Desde o início do mandato, Bolsonaro tem mantido relações nada amistosas com os governadores. Isso atingiu, contudo, proporções descomunais após a pandemia, quando sua instabilidade emocional aflorou. Desde então, o capitão faz manifestações quase que diárias contra os chefes dos executivos estaduais. Doria é uma das maiores vítimas dessa intolerância. Mas, o que nem Freud explica, é a sua predileção por atacar Flávio Dino, do Maranhão, a unidade da federação mais vulnerável. Ao invés de mais recursos, o presidente dispara ofensas ao governador. Na semana passada, disse que Dino era “um comunista gordo”, em referência ao seu partido (PCdoB), registrado legalmente no TSE, e ao seu peso, como se essa condição o desabonasse: segundo o IBGE, 60,3% da população está acima do ideal.

Multa

Ignorando que o estado está sendo atingido pelo surgimento de uma nova variante de coronavírus vinda da Índia, o presidente visitou o Maranhão na sexta-feira, 18, e mostrou toda a sua falta de empatia: sem usar máscara, provocou aglomerações em Açailândia. Pelo mau exemplo, Dino deu o troco e mandou multá-lo em R$ 100 mil.

“O pior”

Em meados de 2019, em uma conversa pouco republicana com o ministro Onyx Lorenzoni, vazada para a imprensa, Bolsonaro ofendeu os governadores do Nordeste, incluindo seu alvo preferido. “Daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão; tem que ter nada com esse cara”, o que é inconstitucional, pois todos são iguais perante a lei.

O truque de Carluxo

WILTON JUNIOR

Vereadores do Rio de Janeiro disseram à ISTOÉ que, desde quando as sessões da Câmara passaram a ser feitas remotamente, Carlos Bolsonaro chega até a aparecer nas reuniões realizadas pelo aplicativo Zoom, mas nunca deixa a câmera ligada. Todos têm a mesma suspeita: que ele não acompanha as sessões de algum endereço na cidade maravilhosa e sim de Brasília, onde passa a maior parte do tempo debaixo da asa do pai.

Retrato falado

“Um bom general não deve obedecer a um mau capitão” (Crédito: Ricardo Borges)

O deputado Marcelo Freixo disse à ISTOÉ que o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, mentiu e cometeu vários erros na CPI para “defender um governo que é ingovernável”. Para ele, a comissão não terminará em pizza, entendendo que os culpados pela tragédia brasileira na pandemia serão responsabilizados: “Se Bolsonaro perder a eleição, responderá pelos crimes que cometeu contra a humanidade”, disse Freixo, que deverá ser candidato a governador do Rio em 2022.

Paciência chinesa

Apesar de Bolsonaro ter atacado os chineses no começo de maio, dizendo que eles produziram o coronavírus em laboratório, as exportações brasileiras para a China vão de vento em popa, provando que a paciência dos asiáticos com o Brasil continua ilimitada. No primeiro quadrimestre deste ano, o Brasil vendeu para eles US$ 27,6 bilhões em produtos agrícolas, minério de ferro e celulose, basicamente, o que significou um aumento de 36% em relação ao mesmo período de 2020. Afinal, ao contrário do governo negacionista brasileiro, o chinês resolveu a crise da pandemia com vacinação, testagem e isolamento eficientes, levando a economia por lá a crescer 8,5% este ano.

Olhos abertos

Graças aos chineses, o Brasil terá um superávit na balança comercial de US$ 79,8 bilhões. A agropecuária, no entanto, tem que abrir os olhos, pois os asiáticos começam a pensar em reduzir o comércio com os países que
não preservam o meio ambiente. A China é responsável por 34% das nossas exportações.

Toma lá dá cá

Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT (Crédito:DIVULGACAO/CAMAMARA DOS DEPUTADOS)

O que esse encontro entre Lula e FHC representa?
Foi um encontro entre dois ex-presidentes para conversar civilizadamente sobre os graves problemas do Brasil. Não tem a ver com o processo eleitoral.

Em entrevista recente, Ciro Gomes chamou Lula de corrupto. Como a senhora avalia
a declaração?
O que tenho a dizer para o Ciro é: o Lula está livre e inocente, cara!

Ao longo dos anos, o antipetismo ganhou força entre a população. Como contornar essa rejeição?
Desde que nasceu, o PT é contestado por uma parcela da população, por conta do nosso projeto inclusivo, e assim vai continuar. Essa contestação cresceu na onda de mentiras e perseguições ao PT pela direita e extrema direita, mas a mentira não prevalece.

O ocaso do PTB

Getúlio Vargas, fundador do PTB, deve estar se revirando no túmulo ao ver o que Roberto Jefferson está fazendo com o partido que preside. Depois de ter ficado preso por corrupção, virou o maior sabujo de Bolsonaro. Prestou-se ao ridículo papel de gravar um vídeo com uma pistola na cintura dizendo impropérios e defendendo o uso das armas.

Divulgação

Fuga em massa

Em razão desse comportamento errático de Jefferson, uma grande debandada ocorre no PTB. Sete dos nove deputados federais devem deixar o partido nos próximos dias: Pedro Lucas Fernandes já abandonou o barco. Vários ex-deputados, como Benito Gama, também já saíram. O vice-governador do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, será o próximo.

O jogo continua

Tiago Queiroz/Jorge Araujo

Apesar de não confirmar uma eventual candidatura, o apresentador Luciano Huck, da TV Globo, foi almoçar com Roberto Freire (Cidadania), em sua casa, em Brasília, na quarta-feira da semana passada. Estavam lá também outros dirigentes partidários, como José Luiz Penna (PV) e Paulo Hartung. Freire ficou otimista e disse considerá-lo uma boa alternativa para 2022.

Rápidas

* O Tribunal Superior Eleitoral autorizou a deputada Tábata Amaral a se desfiliar do PDT sob a alegação de que o partido a discriminou depois que ela votou, acertadamente, a favor da Reforma da Previdência. Ela não decidiu para onde vai, mas está perto do PSB.

* O almoço de Fernando Henrique com Lula para discutir as eleições de 2022 ainda não foi bem digerido pelo PSDB. É consenso que FH jogou um balde de água fria nos que tentam viabilizar uma candidatura de centro.

* Mesmo que os bolsonaristas consigam aprovar o voto impresso, dificilmente a medida será implantada para as próximas eleições. O TSE já disse que não há tempo hábil para a mudança e o STF declarou a proposta inconstitucional.

* A secretária de Enfrentamento à Covid, Luana Araújo, bateu o recorde que pertencia ao ex-ministro Nelson Teich e ficou só dez dias no ministério. Ambos, porém, saíram por defender a vacina no lugar da cloroquina.