O Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá, localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, explicou nesta sexta-feira (20) o que ocorreu no caso da mulher, de 24 anos, que deu entrada na unidade para dar à luz seu terceiro e teve a mão e o punho esquerdos amputados. Segundo a instituição de saúde, que pertence ao grupo NotreDame Intermédica, isso aconteceu em decorrência de um “quadro de trombose irreversível”.

Na nota enviada à IstoÉ, o hospital afirmou que procurou a mulher e a sua advogada para prestar todos os esclarecimentos solicitados. De acordo com a instituição, a paciente já possuía um histórico de múltiplas gestações, algumas delas, inclusive, com complicações e diabete gestacional.

Por conta disso ela sofreu uma hemorragia conhecida como “inversão uterina”, que é responsável “por 60% de mortes maternas no período pós-parto”, afirmou o hospital. Nesse momento, ela recebeu medicamento intravenoso na mão esquerda. Porém o local começou a inchar e ficar roxo.

Então a mulher precisou ser transferida à pressas para o Centro Cirúrgico de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital da Mulher Intermédica de São Gonçalo, localizado na zona leste da Baixada Fluminense (RJ). A equipe médica da unidade constatou “os primeiros sinais de isquemia secundário ao choque hemorrágico”, informou o hospital.

Os médicos tentaram preservar o braço esquerdo da mulher, mas, para isso, foi necessário a amputação da mão e do punho.

Mesmo assim, a unidade de saúde afirmou que afastou a liderança do Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá para garantir a transparência durante as investigações do caso.

A 41ª Delegacia de Polícia Civil (Tanque) e o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ) também instauraram as suas próprias apurações.

Confira, na íntegra, a nota do hospital:

“O Hospital informa que procurou a paciente e a sua advogada para prestar todos os esclarecimentos solicitados, porém informaram que somente estariam disponíveis na próxima semana. Em resumo, declara que sindicância realizada com apoio de perícia independente especializada apurou o seguinte: 1) A paciente tinha histórico de múltiplas gestações, inclusive com algumas complicações, o que aumenta risco de hemorragia pós-parto, além de diabete gestacional. 2) O parto ocorreu sem intercorrência, com bebê nascido vivo e bem. 3) A paciente apresentou quadro importante de hemorragia pós-parto, evoluindo para um choque hemorrágico grave secundário a atonia uterina e inversão uterina. Tal quadro é responsável por 60% de mortes maternas no período pós-parto: 45% destes óbitos ocorrem nas primeiras 24 horas. A hemorragia pós-parto é responsável por 25% de todas as mortes maternas no mundo, segundo a literatura medica. 4) As medidas imediatas tomadas na unidade hospitalar garantiram a manutenção da vida da paciente. 5) O braço esquerdo foi imediatamente tratado desde os primeiros sinais de isquemia secundário ao choque hemorrágico, conforme consta no relatório médico. 6) Todas as medidas e decisões tomadas priorizaram salvar a vida da paciente até que ela apresentasse melhores condições para transferência para um hospital de maior complexidade. 7) A paciente recebeu assistência de todos os médicos, especialistas e recursos necessários na tentativa de preservar o braço esquerdo. Porém, devido à irreversível piora do quadro com trombose venosa de veias musculares e subcutâneas, houve a necessidade de se optar pela amputação do membro em prol da vida da paciente.

O Hospital lembra que afastou a liderança da unidade objetivando a transparência nas apurações e reitera seu compromisso em continuar prestando assistência e dando o suporte necessário à paciente. As demais denúncias agora apresentadas também serão apuradas com critério e rigor.”