Hospitais dos EUA sob pressão por causa do coronavírus

Hospitais dos EUA sob pressão por causa do coronavírus

Hospitais de várias regiões dos Estados Unidos ficaram novamente sob estresse devido ao aumento incessante de casos de covid-19, enquanto as autoridades multiplicam os esforços para conter a epidemia.

Os americanos temem estar na mesma situação que os europeus, atravessando uma segunda onda de contaminações, em um momento em que o número médio de novas infecções por dia excede 100.000.

Cerca de 62.000 pacientes com covid-19 estão atualmente hospitalizados nos Estados Unidos, um número sem precedentes, de acordo com o Covid Tracking Project, uma entidade que monitora a evolução da pandemia.

Em El Paso, cidade fronteiriça com o México, são mais de mil hospitalizados contra 6.000 em todo o Texas (sul), estado ao qual pertence. Cerca de 40% dos hospitalizados estão com covid-19.

“É um momento sombrio”, relatou Ogechika Alozie, diretor médico do El Sol Medical Center em El Paso à emissora CNN nesta quarta-feira (11). “A palavra mais eloquente é cansaço. E também há frustração”, continuou.

O governador do Texas, Greg Abbot, pediu para que um centro médico militar fosse usado para hospedar pacientes com outras doenças, no intuito de liberar mais leitos para quem contrair o coronavírus.

– Mais mortes –

El Paso também é um reflexo dos problemas para que medidas restritivas sejam tomadas em um país cujo governo federal não emitiu diretrizes firmes contra a pandemia.

Diante da multiplicação das infecções, a principal autoridade do município de El Paso ordenou no final de outubro o fechamento de negócios não essenciais por duas semanas. A medida foi imediatamente contestada pelo prefeito da cidade, de 680 mil habitantes, e também pelo procurador-geral do Texas.

O presidente republicano Donald Trump, que continua a minimizar a epidemia, delegou às autoridades estatais e municipais a gestão da crise sanitária.

Trump depositou suas esperanças no rápido desenvolvimento de uma vacina. Os resultados positivos dos ensaios clínicos do laboratório Pfizer apontam para o início das vacinações no final de dezembro ou início do próximo ano.

O problema, porém, é urgente. “O rápido aumento nas hospitalizações por covid-19 anuncia um longo e trágico período de aumento de mortes”, prevê Scott Gottlieb, ex-chefe da agência americana de alimentos e medicamentos (FDA).

“Primeiro vem o aumento de casos, duas semanas depois aumentam o número de hospitalizações e, cerca de duas semanas depois, as mortes”, explicou o médico da Universidade de Columbia Craig Spencer. “Todos os dados estão indo nessa direção e rapidamente”, acrescentou.

Embora o número de mortes diárias ainda esteja longe dos altos níveis da primavera, os Estados Unidos registraram na terça-feira mais de 1.500 mortes em 24 horas.

– Estado de emergência –

A primeira onda da epidemia nunca cedeu nos Estados Unidos, mas a curva de contágios teve três aumentos notáveis. O primeiro em Nova York na primavera; um novo surto no verão, especialmente no sul do país, e um novo pico em outubro com números nunca antes alcançados.

Atualmente, os números mais elevados são registrados no Centro-Oeste do país.

Em Dakota do Norte e Dakota do Sul, mais de um em cada 2.000 residentes está hospitalizado por covid-19, de acordo com o Covid Tracking Project.

Para lidar com a “enorme pressão” no sistema de saúde, o governador da Dakota do Norte, Doug Burgum, autorizou esta semana as autoridades de saúde a continuar trabalhando, mesmo que tenham contraído o vírus.

Em Minnesota, o governador Tim Walz ordenou que bares e restaurantes fechassem às 22h e limitou o número de pessoas que podem comparecer a reuniões a 10.

Mais a oeste, Utah tornou obrigatório o uso de máscaras em público.

O presidente eleito Joe Biden pediu na segunda-feira à população que use máscaras, dizendo que essa não é uma “postura política”. Ele prometeu atacar a fundo a epidemia assim que assumir a presidência, em 20 de janeiro.