Duas entidades que representam hospitais, clínicas e laboratórios do Estado de São Paulo entraram com ação nesta sexta-feira, 25, na Justiça Federal para garantir o abastecimento dos hospitais e serviços de saúde.

A ação em nome da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp) e do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp) pede que o movimento grevista libere a circulação de caminhões, que transportem produtos para estabelecimentos de saúde, em todo território nacional.

Segundo o médico Yussif Ali Mere Jr, presidente da Fehoesp, a situação dos hospitais está no limite. “Caso a greve persista no fim de semana, será o caos. A maioria dos hospitais precisa repor oxigênio entre segunda-feira e terça-feira, pois as reposições ocorrem semanalmente, salvo exceções”, alertou o presidente, em nota.

A Santa Casa de São Carlos e o Hospital Samaritano de Sorocaba cancelaram as cirurgias que estavam marcadas a partir desta sexta por causa do desabastecimento de insumos hospitalares gerados pela greve de caminhoneiros no País.

Em média, são realizadas diariamente 30 cirurgias eletivas, que estavam agendadas, mas que não são consideradas de urgência, na Santa Casa. Segundo a instituição, os estoques de insumos hospitalares serão priorizados para os casos de Urgência e Emergência.

No Grupo Policlin, em São José dos Campos, houve o cancelamento de três cirurgias esta semana por causa do atraso de material hospitalar. Em São Paulo, o Hospital Premier, de cuidados paliativos, só tem oxigênio somente até terça-feira.

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Nessa quinta-feira, 24, algumas entidades que representam estabelecimentos de saúde emitiram comunicados alertando para o risco da situação e pedindo aos grevistas que liberem da paralisação caminhões que transportam medicamentos e oxigênio.

A Confederação Nacional de Saúde (CNS) informou, em nota, que estabelecimentos de saúde já sofrem “falta de gás medicinal, material anestésico, medicamentos, insumos para tratamento de água, entre outros produtos vitais para a manutenção dos serviços, bem como para a segurança dos pacientes”. A entidade diz que “não se opõe a nenhuma manifestação”, mas apelou aos manifestantes que liberem os veículos que transportam materiais médicos para que a reivindicação da categoria “não coloque em risco a saúde do cidadão”.

A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), que representa 24 centros de saúde de referência no País, como os hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein, solicitou às lideranças do movimento grevista que cargas de gases medicinais, como oxigênio, medicamentos e outros insumos “sejam liberados do embargo estabelecido”, uma vez que alguns dos hospitais associados já detectam “queda substancial dos estoques e iminente falta de insumos nas instituições de saúde”, situação que pode ameaçar o bem-estar e a vida dos pacientes atendidos.

Hospitais contatados pela reportagem manifestaram preocupação com a possível continuidade da greve nos próximos dias. O Einstein afirmou que o movimento já impede o abastecimento de alimentos, medicamentos materiais e gases medicinais em suas unidades e que o atendimento aos pacientes “poderá ser severamente impactado nos próximos dias” se a situação persistir. Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz e Hospital das Clínicas afirmam que o atendimento ainda não foi impactado. O Grupo Leforte traçou plano de contingência caso a paralisação se estenda.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) informou que, desde o início da greve, recomendou aos grevistas que permitam a passagem de cargas consideradas essenciais, como remédios, alimentos perecíveis e carga viva. A entidade ressalta, porém, que não é possível controlar todos os pontos de bloqueio espalhados pelo País. Disse ainda que o tráfego pode ser prejudicado por congestionamentos e filas formadas por veículos que aderiram à manifestação.


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