As lutas das mulheres, dos negros e de grupos LGBTT continuarão com força em 2018 e devem ocupar espaços cada vez mais abrangentes no que se relaciona à manutenção e conquista de direitos e combate à violência machista, racista e homofóbica. Depois de um ano em que casos de racismo chocantes vieram à tona, principalmente nas redes sociais, o tema se cristalizou como pauta social de discussão. Da mesma maneira, as manifestações de mulheres contra o machismo vão continuar ocupando as ruas e os espaços on-line para evidenciar os crimes cometidos contra elas. Pelo menos uma ação já agendada: protestar contra a PEC 181, que visa revogar o direito da mulher ao aborto legal em casos de estupro, risco de vida e anencefalia. Com votação adiada em 2017, volta para discussão na Câmara dos Deputados no ano que vem, e vai gerar mais movimentações contrárias para que seja barrada.

A importância da tolerância e da diversidade tomou conta do ano que passa mas, para 2018, é preciso dar passos adiante. O discurso precisa ser colocado em prática para evitar que aconteçam mais crimes de ódio ou que haja retrocesso no que diz respeito a direitos já conquistados. Se em 2017 falou-se muito sobre questões específicas do movimento negro, do feminismo e dos grupos LGBTT, para 2018 espera-se que mais ações: que seja garantida a inclusão e a visibilidade. Diretora executiva do Instituto Identidades do Brasil, Luana Genot lembra que em 2018 completam-se 130 anos da abolição da escravidão. “Mais de um século depois, ainda estamos lutando pela inclusão da população negra”, diz. “Pensando na ascensão midiática do tema em 2017, vamos atacar ainda mais fortemente em 2018 para enfrentar o racismo estrutural.” É um caminho necessário em um País que conta com 53,6% de sua população composta por negros, que engrossam estatísticas dos grupos mais pobres, desempregados e assassinados por policiais. E não se trata de queda de braço ou preconceito contra brancos, como muitos insistem em colocar. É sobre lutar contra o racismo estrutural.

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A perspectiva é positiva, apesar de muito ainda ter que ser feito, uma vez que as mobilizações se fortalecerão bastante neste ano. Enfraquecer o coro dessas lutas já não é mais opção. Alvo de críticas em sua última visita ao País, em novembro deste ano, a filósofa Judith Butler resumiu esse sentimento dizendo que, apesar da agressividade contra ela, “o mundo que os conservadores querem destruir, gay e lésbico, trans, feminista, já é muito poderoso. Não há chance de destruí-lo.”