Hong Kong prende ativistas e tenta impedir vigília por massacre

PEQUIM, 4 JUN (ANSA) – A polícia de Hong Kong prendeu nesta sexta-feira (4) dois ativistas sob a acusação de incitarem a vigília para lembrar as vítimas do massacre da Praça da Paz Celestial, na China, que deveria ocorrer hoje no Victoria Park.   

Há dois anos o evento é vetado pelas autoridades do país.   

Segundo o site “South China Morning Post”, uma das detidas é Chow Hang-tung, vice-presidente da Aliança de Hong Kong, grupo que organiza a vigília desde a década de 1990. O outro seria um jovem de 20 anos que teria organizado um grupo por meio de uma página do Facebook.   

“Descobrimos que eles usaram as suas contas nas redes sociais para divulgar um encontro público que estava proibido pela polícia”, disse o superintendente sênior, Terry Law, que chamou a dupla de “pessoas extremamente irresponsáveis”.   

A repressão para evitar que a tradicional reunião de cidadãos no Victoria Park fosse realizada envolve sete mil agentes, além de tanques militares.   

A justificativa oficial para proibir o evento tanto em 2020 como em 2021 é a pandemia de Covid-19, mas as proibições surgem exatamente no período em que a China aumentou seu controle sobre o território semiautônomo. Antes disso, o evento era realizado anualmente desde 1990, um ano após o massacre, e reunia centenas de pessoas na praça.   

No entanto, mesmo com a proibição de reunião, centenas de pessoas se alinharam em ruas próximas ao Victoria Park. Nas redes sociais, é possível ver que todas estão com velas eletrônicas ou com as lanternas dos celulares acesas para lembrar das vítimas.   

O massacre da Paz Celestial ou da Praça Tiananmen ocorreu em 4 de junho de 1989 e o número de vítimas real nunca foi conhecido – há registros falando em centenas e outros em milhares. A violenta repressão do governo de Pequim ocorreu contra manifestações pacíficas, que pediam por mais democracia no país e que eram lideradas por estudantes desde maio.   

Como forma de encerrar os atos, o governo decidiu enviar tanques e militares para a praça para acabar com os protestos. Além das mortes e desaparecimentos, centenas de pessoas foram presas sem julgamento prévio.   

Cardeal católico se manifesta – O cardeal católico de Hong Kong, Joseph Zen, lembrou das vítimas da repressão durante a missa especial realizada nesta sexta-feira. Ele citou sua homilia em sua conta pessoal no Twitter.   

“Não esqueçamos, não vamos nos iludir. Passaram-se 32 anos desde 1989 até 2021. Eu tinha 57 anos, um jovem idoso, enquanto os jovens que têm entre 57 e 60 anos hoje, estavam só na casa dos 20 anos. Haverá uma recordação profunda do que aconteceu no dia 35 de maio [data fictícia usada pelos manifestantes para não citar o 4 de junho], mas os que têm 20 anos atualmente não podem fazer nada além de escutar o que os outros contam porque o passado está para ser diluído na história”, afirmou o religioso.   

As relações entre a Igreja Católica e China deu alguns passos adiante a partir de 2018, mas ainda são bastante complicadas.   

(ANSA).