Os moradores de Hong Kong foram às ruas, nesta segunda-feira (17), limpar as ruas tomadas por galhos, árvores e montanhas de escombros, após a passagem do devastador supertufão Mangkhut.

As estações de metrô estavam lotadas de pessoas tentando subir nos trens. Com danos nas linhas de alta tensão causados pela tempestade, os trens estão circulando com intervalos maiores. Ir trabalhar se tornou uma corrida de obstáculos, em meio a galhos, árvores caídas e até vias férreas arrancadas.

As escolas permaneceram fechadas, e os garis estão limpando as ruas. A população local critica Carrie Lam, chefe de governo dessa ex-colônia britânica, por não ter decretado feriado. Lam disse à imprensa que essa decisão deveria ser tomada pelos empregadores, mas que os patrões não deveriam punir os funcionários por atraso, ou mesmo se não conseguirem chegar ao trabalho.

A foto de uma multidão amontoada na estação de metrô Tai Wai, acompanhada da hashtag #thankscarrie, viralizou nas redes sociais.

“Havia árvore caída para todo o lado. Não há carros, nem ônibus”, disse David Milligan, um advogado que trabalha na Central, o bairro de negócios que fica no coração de Hong Kong.

“Coloquei tênis, porque sabia que teria que pular obstáculos”, disse à AFP.

O tufão Mangkhut deixou dezenas de mortos nas Filipinas. Em Hong Kong, cerca de 300 pessoas ficaram feridas, mas não há registro de óbitos.

Muitos funcionários tiraram fotos dos arranha-céus com as janelas quebradas.

– Inundações –

O barulho de motosserras podia ser ouvido por toda Hong Kong. Os trabalhadores agora limpam as ruas e reparam os danos nos prédios. Muitas janelas quebraram por conta do vento, e telhados e outdoors voaram pelos ares.

As zonas costeiras estavam repletas de todo o tipo de escombro e rochas levados por ondas gigantescas.

Em Tseung Kwan O, um bairro da parte continental de Hong Kong com muitos arranha-céus, os moradores contaram o medo que sentiram durante a tormenta.

“Senti como se o prédio estivesse balançando. Nossa família queria ir para o térreo, mas os elevadores não funcionavam”, relatou Fu, uma mulher de 62 anos.

Em Lei Ye Mun, uma localidade à beira-mar conhecida por seus restaurantes, os habitantes tentavam abrir caminho, em meio às pedras, vidros e galhos de árvores.

Dessa localidade, veem-se os arranha-céus de Hong Kong. As casas são pequenas e se chega a elas por ruas muito estreitas. Foram inundadas pelas ondas.

Muitos retiravam a lama de casa nesta segunda-feira. Móveis e eletrodomésticos foram destruídos em várias casas, como na de Cheng.

Cheng disse à AFP que levou meses para reconstruir sua casa, após a passagem do tufão Hato no ano passado.

“Vou me ocupar disso com calma”, afirmou, acrescentando que preferia viver em um arranha-céu, mas que o tempo de espera para conseguir uma moradia social é muito longo.

Alguns habitantes foram embora antes da chegada do tufão, mas outros preferiram ficar.

“Tínhamos acabado de terminar a reconstrução da nossa casa”, conta Ng, que construiu sua própria proteção com sacos de areia e placas de madeira.