PEQUIM, 03 JUN (ANSA) – Pela primeira vez, as autoridades de Hong Kong acusaram formalmente um homem com base na polêmica nova lei de segurança nacional imposta pela China ao território.   

A denúncia contra Tong Ying-kit, 23 anos foi apresentada nesta sexta-feira (03) e acusa o homem de ter voluntariamente acelerado sua moto contra um grupo de agentes policiais durante um protesto no dia 1º de julho. Ele responderá pelos crimes de secessão e terrorismo, de acordo com a mídia local.   

As imagens das emissoras de TV flagraram o momento em que Ying-kit, que carregava uma bandeira com a inscrição “Libertem Hong Kong. Revolução dos nossos tempos”, avançou contra a barreira de policiais. Ele foi preso assim que caiu no chão.   

O advogado do jovem informou que seu cliente não compareceu ao tribunal para ouvir a acusação formal porque ainda está internado em um hospital para tratar das fraturas causadas pela queda. A polêmica lei, aprovada pelo Congresso do Povo da China, entrou em vigor no dia 30 de junho e vem causando polêmica por, segundo os críticos, impedir que os moradores de Hong Kong façam protestos dos mais variados escopos. Além disso, diversos países ocidentais acusam Pequim de infringir o acordo de “um país, dois sistemas”, minando as bases políticas locais.   

Por exemplo: por usar a frase da frente pró-democracia, assim como fez Ying-kit, uma pessoa pode responder por secessão e subversão, já que a frase foi proibida pelas autoridades. Além disso, as ofensas classificadas como terrorismo foram ampliadas e incluem, inclusive, qualquer tipo de ataque contra veículos de civis ou transporte público.   

– Nomeação para agência: A nova Lei Básica de Hong Kong também inclui outra questão polêmica: a instalação de agências e escritórios de Pequim no território – e que não se submetem às autoridades locais.   

Nesta sexta-feira (03), o governo chinês anunciou sua primeira nomeação do tipo para, justamente, a agência de segurança nacional. O chefe do local será Zheng Yanxiong, conhecido no país por ter dissolvido uma série de protestos contra a corrupção.   

A nova estrutura autoriza que os agentes de segurança da China operem abertamente pelo território pela primeira vez. Também terá, graças as poderes investigativos e judiciários, o dever de monitorar todas as informações sobre casos relativos à segurança e aos processos nacionais. Eles ainda repassarão os processos “mais graves” diretamente para as autoridades chinesas. (ANSA)