Honduras destacou na terça-feira (2) um relatório oficial dos Estados Unidos que elogia o governo de Juan Orlando Hernández na luta contra o narcotráfico, apesar de o presidente estar sendo investigado por supostos vínculos com este crime.

“Este relatório é um apoio ao esforço que temos feito como governo em questões de segurança”, informou o ministro da Segurança, Julián Pacheco, em nota à imprensa.

O relatório do Departamento de Estado afirma que “os Estados Unidos continuam ajudando a desenvolver a capacidade das instituições hondurenhas de combater o tráfico, a corrupção e outras questões criminais”.

Também destaca que “as autoridades hondurenhas demonstraram uma capacidade melhorada de realizar prisões (de narcotraficantes) em 2020”.

“Durante os primeiros nove meses de 2020, as autoridades hondurenhas afirmaram ter apreendido aproximadamente 2,8 toneladas de cocaína, excedendo as 2,2 toneladas apreendidas durante o ano civil de 2019”, acrescentou o relatório.

O Departamento de Estado também mencionou “a vontade política do governo hondurenho de combater o narcotráfico em coordenação com as agências de segurança dos Estados Unidos permanece”.

Por sua vez, o ministro da Defesa, Fredy Díaz, destacou que Honduras não é mais “o país do trânsito de drogas” da América do Sul para os Estados Unidos.

O relatório aparece semanas depois que promotores americanos iniciaram uma investigação contra o presidente Hernández – identificado com o código CC-4 – e outros altos funcionários do país, após serem vinculados ao tráfico de drogas.

Quem os acusa é Geovany Daniel Fuentes, um dos chefões hondurenhos julgado no Tribunal Distrital do Sul de Nova York.

O documento dos promotores afirma que em 2013, CC-4 “solicitou grandes contribuições de campanha (…) e descreveu participar na corrupção pública generalizada em Honduras, incluindo desvio de ajuda dos Estados Unidos”.

O presidente já havia sido mencionado por esse crime no julgamento nos Estados Unidos contra seu irmão mais novo, Juan Antonio “Tony” Hernández, preso nesse país após ser considerado culpado de tráfico de drogas “em grande escala”.

Na segunda-feira, uma manifestação de mulheres vestidas de preto marchou em Tegucigalpa, pedindo a saída do presidente, por estar envolvido em atos de corrupção. Em seus cartazes, eles tinham a frase “fuera JOH”, iniciais do governante.

O presidente não aceita as acusações contra ele, alegando que são represálias de traficantes de drogas que foram extraditados para os Estados Unidos por seu governo.

Segundo Hernández, 25 chefes foram extraditados para aquele país, 15 se renderam e cinco foram presos pelas autoridades americanas.