Honduras manterá um “diálogo permanente” com os Estados Unidos para combater o narcotráfico, disse nesta sexta-feira (6) a ministra da Defesa, Rixi Moncada, dias depois de o país da América Central cancelar um tratado de extradição bilateral que permitiu a entrega de cerca de cinquenta chefes do tráfico.

Moncada e o comandante hondurenho da Defesa, general Roosevelt Hernández, realizaram uma reunião com a embaixadora americana, Laura Dogu, em meio a críticas em Honduras à presidente esquerdista Xiomara Castro pelo fim do pacto.

Após o encontro, Moncada declarou em coletiva de imprensa que informou à representante diplomática sobre a “disponibilidade para manter um diálogo permanente” sobre a luta contra as drogas e que aceitaram um “convite atencioso” para visitar Washington e o quartel do Comando Sul dos Estados Unidos na Flórida.

A ministra indicou que “ratificaram” para Dogu que o governo do país centro-americano mantém a decisão de denunciar o tratado, mas que “Honduras tem outros tipos de acordos que também possibilitam mecanismos de extradição”.

“Ratificamos que nosso governo é favorável à extradição como um dos mecanismos de combate ao narcotráfico”, mas que “não se deve utilizar isso para fins políticos”, referindo-se ao processo eleitoral de novembro de 2025, motivo pelo qual decidiram cancelar o tratado, destacou a ministra.

A Embaixada dos Estados Unidos não divulgou uma versão sobre a reunião.

“Nossa presidente, nosso governo, está a favor da extradição, 100% a favor da extradição”, mas que não seja usada “para fins políticos”, havia dito Moncada em um fórum televisivo antes do encontro com a diplomata americana.

A presidente Castro anunciou em 28 de agosto sua decisão de cancelar o acordo bilateral – em vigor desde 1912, mas aplicado desde 2014 – alegando que este poderia ser usado para preparar um “golpe de Estado” em Honduras.

A oposição, no entanto, afirma que Castro encerrou o tratado para proteger membros de seu governo e familiares.

Três dias depois, um cunhado e um sobrinho da presidente renunciaram: o secretário do Congresso, o deputado Carlos Zelaya, após admitir perante o Ministério Público que havia se reunido com narcotraficantes em 2013, e seu filho, José Manuel Zelaya, então ministro da Defesa.

O tratado de extradição permitiu prender cerca de cinquenta traficantes hondurenhos, incluindo o ex-presidente de direita Juan Orlando Hernández (2014-2022), condenado a 45 anos de prisão em um julgamento no mês de junho em Nova York.

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