Homilia escrita pelo Papa recorda ‘fragilidade’ humana

ROMA, 5 MAR (ANSA) – Internado há quase 20 dias em Roma, o papa Francisco não comandou as celebrações pela Quarta-Feira de Cinzas, que abrem o período da Quaresma, mas a homilia preparada pelo pontífice de 88 anos foi lida durante a missa na Basílica de Santa Sabina, na capital italiana.   

O texto escrito pelo líder da Igreja Católica foi lido nesta quarta-feira (5) aos fiéis pelo penitencieiro-mor, cardeal Angelo De Donatis.   

“As cinzas sagradas serão espalhadas sobre as nossas cabeças.   

Elas reavivam em nós a memória do que somos, mas também a esperança do que seremos. Elas nos lembram que somos pó, mas nos conduzem à esperança à qual somos chamados, porque Jesus desceu ao pó da terra e, com a sua Ressurreição, nos atrai consigo para o coração do Pai”, escreveu o Papa.   

Segundo o religioso, a “fragilidade nos lembra o drama da morte, que em nossa sociedade de aparências tentamos exorcizar de muitas maneiras e até marginalizar de nossas linguagens, mas que se impõe como uma realidade com a qual devemos lidar”.   

Além disso, Francisco recorda no texto que as cinzas servem como um auxílio para nos “lembrar a fragilidade e a pequenez da nossa vida: somos pó, do pó fomos criados e ao pó retornaremos”.   

“Isto nos ensina sobretudo a experiência da fragilidade, que experimentamos no cansaço, nas fraquezas com as quais temos de lidar, nos medos que nos habitam, nos fracassos que ardem em nós, na transitoriedade dos nossos sonhos e ao nos darmos conta do quão efêmeras são as coisas que possuímos”, acrescenta.   

A homilia preparada pelo pontífice e lida por De Donatis também menciona que somos frequentemente expostos às “poeiras finas” que poluem o mundo.   

“A oposição ideológica, a opressão, o retorno de velhas ideologias identitárias que teorizam a exclusão do outro, a exploração dos recursos da Terra, a violência em todas as suas formas e a guerra entre os povos. São ‘poeiras tóxicas’ que turvam o ar do nosso planeta, impedem a coexistência pacífica, enquanto a cada dia cresce em nós a incerteza e o medo do futuro”, escreveu.   

Por fim, o Papa mencionou que o período da Quaresma é um convite para “reavivar em nós a esperança”. (ANSA).