POR Thaís Botelho ? Da chácara no interior de São Paulo, Regina Duarte levou os últimos objetos para a exposição que celebra seus 50 anos de carreira. ?Menina, foi difícil, era muita coisa. Tirei da casa de São Paulo, da do Rio e da chácara?, contou ela à Gente, aos risos. Entre as últimas lembranças encontradas, um espartilho de borracha achado em cima de um piano. ?Era da Porcina. Eu usava para me apertar e conseguir vestir as roupas. Tinha de ficar com a cintura bem fininha para não fotografar gorda na tevê. Era um sofrimento?, relembrou. As marcantes bijuterias da personagem que a atriz viveu na histórica novela Roque Santeiro, de 1985, também estão lá, além de uma máscara feita em Los Angeles para o envelhecimento de Chiquinha Gonzaga na minissérie sobre a compositora, e o diário de Helena, do folhetim Por Amor, de Manoel Carlos. ?Aprendi com a Porcina, por exemplo, a ousar mais. Com ela deixei de ser recatada e passei a usar brincos maiores, outros adereços, e a me soltar mais também. Tudo é muito importante e marcante para mim. Minha vida, pessoal e profissional, está interligada com a vida dos brasileiros?, disse. ? Armário de memórias ? O grande acervo da mostra O Espelho da Arte – A Atriz e seu Tempo, que foi aberta no dia 22 de agosto e segue até 28 de outubro no Centro Cultural Correios, no Rio, conta com vídeos de cada personagem da carreira da atriz, recortes, revistas e diversas fotos. ?São mais de 500 imagens. É um projeto de amor ao público e uma grande homenagem a quem acompanha a minha carreira.? A exposição também traz uma linha do tempo com os fatos mais marcantes de cada década até hoje, correlacionados com os trabalhos de Regina. Para a seleção e organização desse material, a atriz teve a importante ajuda do artista plástico Ivan Izzo, fã de seu trabalho desde criança e curador do projeto. Aliás, a ideia foi dele. Conversaram sobre a possibilidade de uma exposição e, desde então, Regina ? que há cerca de três anos já vinha reunindo e organizando parte de seu acervo profissional com a ajuda de uma secretária ? deu início à realização do projeto. ?Na verdade comecei a fazer um armário de memórias. Acho que o sentimento mais forte é a constatação de que eu consegui dar conta e criar três filhos com seriedade e responsabilidade em meio a muito trabalho, numa época que não havia celular e internet?, comentou ela. Até o final do ano, Regina pretende lançar também um livro autobiográfico. ?Há dez anos penso em escrever essa história, meio autobiográfica, meio de ficção?, contou. Aos 65 anos, Regina disse que, de tudo que viveu, não se arrepende de nenhum trabalho, mas revelou pequenas lacunas que enxerga em sua trajetória. ?A vida nos leva para muitos caminhos, e nem sempre conseguimos tudo. Eu gostaria de ter feito Anne Frank, foi a primeira peça de teatro que li na vida, mas não fui aprovada para o teste?, relembrou. Outro momento que faltou para a atriz foi fazer a Catarina, de A Megera Domada, de Shakespeare. ?Acabei fazendo a Bianca, a irmã da Catarina. Mas hoje estou muito feliz com tudo e como tudo aconteceu. Só tenho a agradecer.? ? Siga Gente no Twitter!