O Primeiro Comando da Capital (PCC) executou na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau dois detentos acusados de coordenar um atendado contra o senador Sérgio Moro. São eles: Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, ambos de 48 anos. Eles estavam presos desde março de 2023.

Segundo a a Secretaria da Administração Penitenciária, três custodiados assumiram a autoria dos homicídios. Os três detentos foram isolados e deverão responder pelo crime. Foi registrado boletim de ocorrência no Plantão Policial de Presidente Venceslau e instaurado procedimento apuratório para esclarecer as circunstâncias das mortes.

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De acordo com investigadores do caso, a principal hipótese para o crime seria um acerto de contas dentro da facção, em razão do fracasso do plano de resgate de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e dos atentados contra autoridades planejados pelo PCC.

Quando ‘Nefo’ e ‘Rê’ foram presos, havia seis meses que os bandidos comandados por Nefo haviam recebido a ordem para monitorar Moro. Alugaram chácaras na região de Curitiba – em uma delas foi construída uma parede falsa em um dos cômodos para esconder armas e dinheiro. Nefo também arrumou uma casa perto da residência da família do senador e uma sala comercial ao lado do escritório político de Moro, em Curitiba.

Os bandidos fotografaram o cotidiano do casal e de seus filhos. Escola, academia, compras e reuniões: tudo foi acompanhado pelos bandidos. O plano foi descoberto pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, que repassou as informações à Polícia Federal. Esta, após a quebra de sigilo dos celulares apreendidos com o grupo de Nefo, encontrou imagens, com comentários, capturadas na internet do dia 29 de novembro de 2022 feitas pelos criminosos que compunham a célula “Restrita” do PCC.

As imagens eram das residências oficiais dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), bem como uma pesquisa no site da Trovit sobre imóveis na “Península dos Ministros”, Lago Sul, Brasília, demonstrando que houve determinação da cúpula para que esse setor realizasse esses levantamentos das referidas autoridades da República.

Além disso, os federais descobriram todo o planejamento, preparação e execução de reiterados atos voltados à ação de atentado contra o senador Moro, cuja coordenação estava a cargo de Nefo. No dia 19 de setembro de 2023, os agentes apreenderam, no quintal do imóvel localizado na Rua Coronel José Ribeiro de Macedo Junior, 219, Curitiba, casa usada pelo grupo de Nefo, explosivos e materiais para acionamento dos artefatos, sendo 26 rompedores de rocha da marca Pyroblast de tamanhos variados, 31 iniciadores elétricos e uma maleta de acionamento eletrônico da mesma marca.

De acordo com os investigadores, o material poderia ser usado em um atentado a bomba contra o senador. Para essa ação, a facção mobilizou uma célula com três de seus integrantes e bancou seus custos – cerca de R$ 44 mil –, como estadia, celulares, aluguéis, seguro, IPTU, mobília, transporte e até compra de eletrodomésticos. Além de Moro, o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, era outro alvo dos bandidos.

Os atentados contra autoridades e o promotor eram o chamado de Plano B na facção, porque o Plano A – o objetivo principal dos bandidos – era o resgate de Marcola, líder da facção. Havia mais de um ano, a inteligência do Departamento Penitenciário Federal (Depen) e a PF acompanhavam as movimentações e diálogos mantidos por Marcola e outros presos da facção na penitenciária federal de Brasília. O plano envolvia o treinamento de mercenários na Bolívia e arregimentação de integrantes do chamado Novo Cangaço para a invasão do presídio e resgate de Marcola. Mas as prisões que atingiram a Sintonia Restrita colocaram tudo a perder.