Familiares de dois jovens negros assassinados com dezenas de tiros pela Polícia Militar de São Paulo prestaram depoimento nesta semana à Ouvidoria das Polícias. As mortes aconteceram no último dia 9, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista. As informações são do UOL.

A esposa de Felipe Barbosa da Silva, um entregador de aplicativos, de 23 anos, uma das vítimas dos policiais, contou que o rapaz ligou para ela informando sua localização e dizendo que seria morto pelos PMs. Barbosa encerrou a ligação dizendo que amava sua filha, de apenas um ano.

Segundo a mulher, ele também pediu para que ela avisasse a família de Vinicius Alves Procópio, monitor de perua escolar, de 19 anos, que estava no carro com ele. A ligação foi feita às 19h20, e durou cerca de 50 segundos.

Ainda de acordo com o UOL, os policiais alegam que perseguiram o veículo pelas ruas do bairro após eles terem cometido um roubo e fugido. As mortes ocorreram dentro do veículo.

Vídeos com o momento dos assassinatos viralizaram nas redes sociais no domingo (13), e mostram os dois policiais atirando sem parar contra Felipe e Vinicius. De acordo com a perícia, ambos os corpos tinham mais de 20 perfurações de balas. Os dois não possuíam antecedentes criminais.

Familiares de Vinicius disseram à Ouvidoria que, ao chegarem no local do crime, não havia nenhuma ambulância para socorrer os jovens, apenas um veículo do Corpo de Bombeiros que prestava socorro a uma pessoa que estava em um carro com o veículo dos dois colidiu. Segundo a família, os corpos foram retirados do veículo “como se nada fossem e atirados no meio-fio da via”.

Os três PMs que participaram da ação, sendo dois que efetuaram os disparos e um motorista do veículo policial, foram presos preventivamente pela Justiça Militar.

A investigação ainda não foi concluída, mas a delegada responsável pelo caso afirmou no boletim de ocorrência que “não se verifica aparente ilegalidade na conduta dos PMs”, e cita o “excludente de ilicitude” ao dizer que os policiais reagiram “para salvar suas próprias vidas” e que “usaram moderadamente dos meios necessários”.

Em nota, o Ministério Público de São Paulo diz que os jovens “eram suspeitos de assalto e não dispararam, mas foram encontrados mortos com mais de 50 perfurações de projéteis”. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar.

A SSP (Secretarira de Segurança Pública) informou que os três agentes foram encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes, presos preventivamente.