Um homem matou a tiros, nesta terça-feira (7), dois manifestantes que participavam do bloqueio de uma rodovia no Panamá, na terceira semana de manifestações contra um polêmico contrato de mineração, segundo informações da polícia e imagens compartilhadas pelas redes sociais.

“A Polícia Nacional apreendeu um adulto, supostamente vinculado a um fato em que pessoas perdem a vida, registrado no Distrito de Chame”, 80 km a oeste da capital, informaram fontes policiais na rede X (antigo Twitter).

Nas redes sociais, circularam vídeos nos quais um homem aparece com uma arma no meio da rodovia Interamericana, que liga o Panamá e o restante da América Central.

Nas imagens, vê-se uma pessoa, que seria uma das vítimas, estendida no asfalto.

Estas são as primeiras vítimas fatais dos protestos iniciados em 20 de outubro contra o contrato com a empresa canadense First Quantum Minerals (FQM), que opera a maior mina de cobre a céu aberto da América Central no Caribe panamenho.

A polícia também publicou uma foto em que o detido, um homem idoso de cabelos grisalhos, de óculos e vestindo camisa cinza, aparece sentado e com uma das mãos algemada a um tubo, aparentemente dentro de um quartel ou veículo da polícia.

O Ministério Público informou ter iniciado “investigações por crime contra a vida e integridade pessoal em prejuízo de duas pessoas que estavam em um bloqueio viário”, razão pela qual “uma pessoa é mantida apreendida”.

Várias avenidas da capital foram fechadas nesta terça por pequenos grupos de manifestantes, enquanto diversos trechos da Interamericana permanecem bloqueados há dias, afetando o transporte de alimentos, remédios e combustíveis.

Para acalmar o mal-estar da população, o Congresso do Panamá aprovou, na semana passada, uma moratória da mineração de metais e acordou deixar nas mãos da Suprema Corte de Justiça a decisão sobre o polêmico contrato com a FQM, que permite a operação da mina por 40 anos.

Os ambientalistas ficaram satisfeitos com a decisão do Congresso, pois consideram que ao invés de o contrato ser anulado por lei, deve ser o Supremo a declará-lo inconstitucional, para dar ao país argumentos de defesa diante de uma futura ação bilionária da empresa.

Mas o poderoso sindicato da construção, o Suntracs, sindicatos de professores e outras organizações insistem em que o contrato deve ser anulado por lei, razão pela qual continuaram com os protestos e os bloqueios viários.

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