Um homem deve ser executado nesta quinta-feira, 17, por meio de uma injeção letal no Texas, nos Estados Unidos. Robert Roberson, de 57 anos, foi condenado pela morte da própria filha Nikki Curtis, de dois, ocorrida em 2002. A sentença foi a primeira dada a um réu de um caso relacionado à síndrome do “bebê sacudido”.

Apesar da condenação, a defesa do acusado, um grupo de políticos, ONGs contrárias à pena de morte e até mesmo o detetive do caso pediram por clemência, alegando que o homem é inocente. O governador do Texas, Greg Abbott, e a Suprema Corte dos EUA ainda podem suspender a sentença. O chefe do executivo pode prorrogar a execução em 30 dias.

Robert Roberson foi condenado pela morte da filha na cidade de Palestine, no leste do Texas. O acusado levou a criança para o hospital em 2002 após ela cair da cama depois de passar uma semana gravemente doente. No local, médicos constataram ferimentos que indicavam a “síndrome do bebê sacudido”, causada por maus-tratos. As informações são da “Associated Press”.

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A “síndrome do bebê sacudido” é o diagnóstico que se refere a uma grave lesão no cérebro causada quando uma criança é agredida, como ser chacoalhada ou sofrer outro tipo de violência, sendo arremessada em uma parede ou no chão, geralmente por um adulto. Cerca de 1.300 casos da condição são registrados todo ano nos EUA.

Os médicos que atenderam a filha de Roberson perceberam inchaço e sangramento ao redor do cérebro e nos olhos. De acordo com críticos da condenação, a equipe de saúde não considerou que os ferimentos poderiam ter sido causados por uma queda curta ou doenças. Ainda, há a possibilidade de o diagnóstico ter sido dado com evidências científicas datadas.

Evidências coletadas desde o julgamento de Roberson, em 2003, apontaram que a criança morreu em decorrência de uma pneumonia não diagnosticada que evoluiu para uma sepse. A doença teria sido acelerada pela medicação que a filha do acusado recebeu. Segundo a defesa, os remédios não deveriam ter sido prescritos à garota e dificultaram sua respiração.

“Ele [Robert Roberson] é um homem inocente e estamos muito perto de matá-lo por algo que ele não fez”, pontuou o investigador Brian Wharton, detetive da polícia de Palestine que investigou a morte da criança.

Segundo o “The New York Times”, Brian chegou a visitar Roberson no corredor da morte e afirmou que se arrependeu de ter se envolvido no resultado do caso. A deputada republicana Lacey Hull também saiu em defesa do pai da menina. “Se houver até mesmo uma sombra de dúvida de que ele é inocente, não deveríamos executá-lo”, acrescentou

Após uma audiência em 2022, um juiz rejeitou a possibilidade de a criança ter morrido em decorrência de uma pneumonia ou outras doenças. A Academia Americana de Pediatria, outras organizações médicas e promotores reiteram que o diagnóstico da “síndrome do bebê sacudido” é válido e que os médicos analisam todas as outras possíveis causas para os ferimentos antes de diagnosticá-la.