Holding de magnata chinês compra Bialetti, fabricante da Moka

MILÃO, 16 ABR (ANSA) – A holding de investimentos Nuo Capital, controlada pelo magnata chinês Stephen Cheng e que é focada em empresas italianas de bens de consumo, anunciou acordos para comprar 78,567% das ações da Bialetti, centenária fabricante da cafeteira Moka, ícone do “made in Italy”.   

A operação prevê a aquisição dos papéis em posse da Bialetti Holding e da Bialetti Investimenti (59,002%) por 47,334 milhões de euros (R$ 315 milhões), e das ações detidas pelo fundo Sculptor Ristretto Investment (19,565%) por 5,731 milhões de euros (R$ 38 milhões), totalizando 53,065 milhões (R$ 353 milhões).   

A compra deve ser concluída até o fim de junho e, em seguida, a Nuo Capital lançará uma oferta pública para retirar a Bialetti da Bolsa de Valores de Milão, com um valor de pelo menos 0,467 euro (R$ 3,10) por ação.   

O negócio se insere no âmbito de uma operação mais ampla ligada ao refinanciamento da dívida da Bialetti, que prevê dois empréstimos bancários de 30 milhões (R$ 199 milhões) e 45 milhões de euros (R$ 299 milhões). Também está previsto que a Nuo aporte 49,5 milhões (R$ 329 milhões) na empresa para reduzir o endividamento da marca italiana.   

“A Bialetti representa um desafio significativo e belíssimo para nós, nos colocando diante de novos objetivos de crescimento para uma marca histórica da cultura e da tradição italiana”, disse Tommaso Paoli, CEO da Nuo.   

A holding foi criada em Milão em 2016 e já investiu mais de 400 milhões de euros (R$ 2,7 bilhões) em empresas italianas, incluindo a fabricante de chocolates Venchi. “Estamos entusiasmados por colocar a serviço de uma das marcas mais significativas do nosso país os recursos e competências necessárias para uma nova fase de desenvolvimento da Bialetti”, acrescentou o executivo.   

Já o presidente da Bialetti, Francesco Ranzoni, destacou que o acordo “abre um novo capítulo rico em oportunidades”. “A entrada da Nuo representa um impulso estratégico para reforçar ainda mais a marca e consolidá-la nos mercados no exterior”, afirmou.   

Por volta de 13h40 (horário local), as ações da empresa avançavam 59,50% em Milão, porém a operação está destinada a causar polêmica na Itália. “Mais um pedaço histórico do made in Italy vai embora da Itália: a Bialetti virou chinesa”, disse o partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).   

A marca foi fundada em 1919, em Omegna, e alcançou sucesso a partir de 1933, com a invenção da Moka, cafeteira de pressão criada por Alfonso Bialetti. O produto se tornou ícone de design no mundo todo e já vendeu mais de 300 milhões de exemplares.   

(ANSA).