Os holandeses comparecem às urnas nesta quarta-feira (17), para o terceiro e último dia das eleições legislativas, consideradas um teste da gestão da pandemia do atual governo e nas quais o primeiro-ministro Mark Rutte é o favorito.
Os locais de votação abriram as portas às 7h30 (3h30 de Brasília). A votação prosseguirá até 21h (17h de Brasília), e as primeiras estimativas devem ser divulgadas pouco depois.
Iniciada na segunda-feira, a eleição de três dias acontece em locais inusitados, como museus e centros de testes em todo país, onde as pessoas podem votar de bicicleta, ou de carro.
O liberal-conservador Mark Rutte, no poder desde 2010, provavelmente será reeleito para o quarto mandato, no momento em que o coronavírus desviou a atenção de outras questões como a imigração, que dominaram eleições anteriores.
Um debate foi exibido pela televisão na terça-feira à noite, com a participação de Rutte e dos líderes dos outros sete grandes partidos, incluindo o deputado anti-islã Geert Wilders, do Partido da Liberdade (PVV), o maior da oposição.
As pesquisas apontam o Partido Popular pela Liberdade e a Democracia (VVD) de Rutte, um dos chefes de Governo mais longevos da Europa, como o grande vencedor, com mais de 20% das intenções de voto.
Ao mesmo tempo, centenas de pessoas expressaram descontentamento com um protesto contra o governo em Haia, no domingo. O ato foi dispersado por policiais com jatos d’água.
A imposição de um polêmico toque de recolher no fim de janeiro também provocou distúrbios violentos no país.
As eleições foram adaptadas por causa da covid-19, com a abertura de locais de votação na segunda e na terça-feira, principalmente para as pessoas do grupo de risco.
Mark Rutte também anunciou na semana passada exceções ao toque de recolher – em vigor das 21h às 4h30 – durante as eleições para permitir a votação “sem obstáculos”.
Em um primeiro momento, as autoridades holandesas adotaram medidas anticovid muito mais flexíveis que os países vizinhos, mas, nos últimos meses, anunciaram um sistema mais rígido.
Com 17 milhões de habitantes, a Holanda registrou 1,1 milhão de casos de coronavírus e quase 16.000 mortes.
Conhecido como primeiro-ministro “teflon” por sua capacidade de escapar ileso das crises políticas, Rutte se viu obrigado a renunciar em janeiro, depois que milhares de pais foram acusados de maneira equivocada de fraude para receber auxílios sociais.
O governo continuou, porém, responsável pelos assuntos do dia a dia até as eleições.
Para o cientista político André Krouwel, Mark Rutte continua sendo popular, “beneficiado não apenas pelo fato de já estar no cargo de primeiro-ministro”, mas pelo que chama de “efeito coronavírus”, porque foi o porta-voz durante a pandemia.
As pesquisas mostram que o VVD ficará muito à frente de seu principal rival, PVV de Geert Wilders, que tem 13% das intenções de voto.
O partido conservador Apelo Democrata Cristão (CDA) e o partido de centro-esquerda D66, ambos integrantes da atual coalizão, disputam o terceiro lugar nas pesquisas e também podem retornar ao governo.
Mas a forma de uma nova coalizão de governo continua sendo incerta. As negociações após as legislativas de 2017 duraram sete meses.
Ao todo, 37 partidos – um número recorde em décadas – disputam as 150 cadeiras da Câmara, em um panorama político fragmentado que frequentemente resulta em coalizões complexas.