Poucas horas após ser anunciado como novo treinador do Santos, Cuca já foi apresentado oficialmente nesta sexta-feira. E, na entrevista coletiva virtual, o técnico não fugiu de perguntas e demonstrou estar ciente das dificuldades enfrentadas atualmente pela equipe da Vila Belmiro. “Hoje, eu chego sabendo dos problemas do Santos”, declarou.

“Lógico que é meu primeiro dia aqui, já comecei trabalhando bastante, mas são todas situações que temos de fazer essa gestão. Sei que o momento do Santos é um momento complicado. Sabendo disso, aceitei esse desafio e tenho plena convicção de que vamos fazer um bom trabalho ao longo do ano, junto com todos”, afirmou.

Nas últimas semanas, o clube paulista enfrentou problemas internos por atritos com o elenco diante da redução de 70% dos salários dos jogadores, devido à crise econômica causada pela pandemia. Neste contexto, o atacante Eduardo Sasha e o goleiro Everson acionaram a Justiça para obterem a rescisão contratual unilateral com o clube. Ao mesmo tempo, o presidente José Carlos Peres vem sofrendo com as investidas da oposição na tentativa de um impeachment.

“Eu sei das coisas que podem e devem acontecer ao longo do ano. E estou preparado para isso. Eu faço parte dessa engrenagem. De repente, tenhamos que vender um ou outro jogador, mas que não podemos perder a força. Temos de criar alternativas, descobrir jogadores. Não só aqui no profissional, mas lá na base, também, ir ver jogos”, comentou o treinador.

Bem informado sobre questões mal resolvidas entre elenco e diretoria, Cuca se prontificou para “azeitar” essa relação. “Já conversei com o presidente, os vices, tivemos uma conversa muito boa. Esse é meu trabalho. Fazer essa gestão, é ser a pessoa de confiança dos jogadores, não só como treinador, mas como parceiro. Tenho um conhecimento muito grande da maioria dos jogadores. É jogar sempre aberto, limpo com todos eles, porque esse grupo é muito bom. Não pode contratar, mas temos de extrair o máximo e o melhor de cada jogador que aqui tem.”

Apesar das limitações financeiras do Santos, Cuca disse apostar em uma boa campanha da equipe no Brasileirão. “A minha ideia é fazer um grande campeonato, sabendo que temos esse problema de não contratar. Mas temos um time bom. O principal é poder tirar o máximo de cada jogador, passar o máximo de confiança possível. É pensar jogo a jogo, pouco a pouco, e resolvendo os problemas. Sabemos que existem atrasos e de repente essas coisas podem ser sanadas a qualquer momento.”

Cuca ainda minimizou as divergências que teve com o presidente José Carlos Peres, em sua primeira passagem pelo clube sob a gestão do atual mandatário, em 2018. Na ocasião, eles tiveram discussões públicas sobre a decisão de mandar as partidas do Santos na Vila Belmiro ou no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

“Os meus problemas que tiveram eram mais em relação ao local do jogo. Eu achava que tinha jogos que podiam ser aqui. Eram problemas pequenos. Sempre tive o máximo respeito pelo presidente, figura máxima. Vai ser bom para mim, também. Preciso fazer um trabalho bom e estou muito determinado para isso”, disse Cuca.

“Cada ano que passa é de amadurecimento em todos os sentidos. A gente reflete muitas coisas, entende e sabe que o ser humano só vai sair dessa se for parceiro do próprio ser humano. Estamos todos envolvidos praticamente no mesmo processo, que é essa pandemia. Estou pela primeira vez dando essa entrevista sem ver, só ouvindo. O jogo sem torcida…”