Nos últimos meses, a Sociedade Brasileira de Hipnose (SBH) tem identificado um salto exponencial pela procura de cursos de hipnose no país. Ainda não se sabe ao certo os motivos para tal crescimento, mas empiricamente atribui-se o aumento surpreendente pela formação profissional depois da participação do mágico e hipnoterapeuta, Pyong Lee, no programa da Rede Globo, Big Brother. Lee em diversos momentos do reality show fez demonstrações das técnicas do hipnotismo, como colocar em transe um grupo de Brothers. “Os shows levam as pessoas a pensar sobre o poder da mente”, avalia o psicólogo Erick Heslan, presidente da SBH.

Com aumento de mais 300% no número de seguidores no Instagram desde que estreou no programa global, Pyong soma hoje mais de oito milhões de fãs. Sem qualquer credencial oficial, ele se tornou o embaixador da hipnose no Brasil, pelo menos para os hipnotistas. “Hoje, contabilizamos milhares de acessos às nossas páginas. As pessoas querem saber de tudo que se refere às técnicas e a formação profissional”, comemora o Heslan.

Para Rafael Baltresca, um dos maiores hipnotista de entretenimento do país, em especial da área corporativa, é na hipnose de palco que se move o olhar das pessoas para a técnica. “É uma luz que abre caminho para as pessoas chegarem à hipnose clínica, a terapêutica”, avalia Baltresca. De acordo com ele, as pessoas desconhecem as potencialidades da hipnose para o tratamento de saúde, porque durante muitos anos ela foi tratada como brincadeira de televisão”. “Hoje, vivemos uma outra realidade”, afirma Baltresca.

Ao fim e ao cabo, Lee, especialista em hipnose de palco, deu visibilidade à prática para muito além dos palcos. “Estamos assistindo uma procura incrível de novos pacientes”, garante o psicólogo Valdecy Guimarães. Presidente da Sociedade Interamericana de Hipnose, Guimarães entende que a presença de Pyong Lee no BBB jogou luz sobre uma técnica que existe a milhares de ano na área da saúde. “Desconheço uma forma terapêutica tão eficiente como a hipnose para tratar os mais diversos problemas de saúde das pessoas”, afirma o especialista. Professor de Hipnose, Guimarães entende que a sugestão hipnótica é capaz de fazer as pessoas viverem experiências construídas mentalmente e assim modificar a percepção da realidade.

O odontólogo e diretor científico do Instituto Quasar, especialista em cursos de Hipnose, afirma que ainda existem muita desinformação sobre a eficiência do uso das técnicas do hipnotismo nos tratamentos de saúde. “A hipnose pode ajudar em muitos tratamentos como a ansiedade, os medos e fobias, até o tratamento de dores e no rendimento de alta performance”, avalia. “O problema é a falta de conhecimento”, garante Tricarico. Sócio de Pyong no instituto, ele é categórico em afirmar que “a hipnose não é terapia, mas uma ferramenta utilizada dentro de um processo terapêutico”, afirma. “O hipinoteraupeta trabalha de forma mais acelerada o processo de mudança, de melhora num restabelecimento da saúde mental das pessoas”, conclui.

Com efeito, o presidente da SBH, Erick Heslan, calcula que o tratamento de problemas psicossociais em terapias que utilizam a hipnose como recurso terapêutico é muito mais célere que uma década de análise da psicologia tradicional e de meses de consultórios nas terapias comportamentais cognitivas. “Em média são seis seções para um tratamento de ansiedade ou síndrome de pânico”, calcula Erick Haslen.

A psicóloga e hipnoterapeuta Morgana Valente avalia que a hipnose vai muito além dos shows e do que se fala. “Apesar de ser uma ferramenta valiosíssima, de grande eficácia nos tratamentos de saúde, tem que se ter muito cuidado na utilização das técnicas, já que existem muitas limitações no uso clínico”, diz Morgana, que conclui: “Não se brinca com as pessoas.” Erick também se preocupa com a utilização da hipnose por profissionais sem preparo ético e adverte: “Não se pode prometer cura com o tratamento. Curandeirismo é crime. Se alguém prometer cura, fuja”, alerta Haslen.