A pré-candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton atacou seu adversário republicano, Donald Trump, nesta quinta-feira, declarando que sua Política Externa é perigosamente incoerente, além de classificá-lo como incapaz para o cargo.

“Seu temperamento é inadequado para ocupar um posto que requer conhecimento, estabilidade e imensa responsabilidade”, alfinetou Hillary, elevando o tom do que já é uma campanha profundamente ácida.

“É alguém que nunca deveria ter os códigos nucleares”, frisou a ex-secretária de Estado, após enumerar a postura de Trump sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Rússia e a Coreia do Norte.

Com frases curtas e ferinas, tom mordaz e sarcástico, a ex-secretária criticou um candidato que “não entende nem os Estados Unidos nem o mundo”.

“Mesmo que não seja candidata, farei tudo o possível para me assegurar de que Donald Trump jamais seja presidente, porque estou convencida de que levaria o nosso país por um caminho perigoso”, afirmou.

Tal como faz habitualmente em seus discursos, a esposa do ex-presidente Bill Clinton, ex-senadora e ex-secretária de Estado da administração Obama disse conhecer as dificuldades do trabalho de presidente.

“Deixo aos psiquiatras explicar sua afeição pelos tiranos”, acrescentou, ao evocar as declarações de Trump sobre o presidente russo, Vladimir Putin, ou sobre o líder norte-coreano, Kim Jong-Un.

Segundo a ex-primeira-dama, a eleição de 8 de novembro será uma escolha entre “uma América do medo e uma América da confiança”.

Enquanto ela falava, Trump usou sua mídia social favorita, o Twitter, para atacar o “mal desempenho da vigarista Hillary Clinton!”.

Com seu discurso sobre Política Externa, a democrata tenta levar a briga com Trump para um terreno seguro, diz Geoffrey Skelley, do Centro de Políticas da Universidade da Virgínia.

“Ela definitivamente ofusca Trump em temas de segurança e de Política Externa”, disse Skelley.

“É algo que ela acredita que será um fator importante no final para sua vitória, que as pessoas vão decidir que – embora não estejam certos sobre Hillary – ela é a opção mais segura”, completou.

Muitas das mensagens de Hillary Clinton foram dirigidas, justamente, a eleitores militares e do establishment republicano, cujo número é considerável em estados-chave como Virgínia e Carolina do Norte.

“Imaginem Donald Trump na Situation Room, tomando decisões de vida, ou morte, representando os Estados Unidos”, disse ela ao público em San Diego.

“Imaginem-o decidindo se envia seus maridos, ou filhos, para a guerra”, insistiu.

Localizada na Casa Branca, a Situation Room reúne a equipe de Segurança Nacional e de Segurança Doméstica, conectando o presidente às agências de Inteligência 24 horas por dia sobre eventos internacionais para atualizá-lo e ajudá-lo em momentos de crise.

A pré-candidata democrata à Casa Branca iniciou nesta quinta-feira uma ofensiva final para tentar vencer categoricamente as primárias da Califórnia de 7 de junho, o último assalto de uma luta interna no Partido Democrata, que se revelou muito mais disputada do que o previsto.

No campo conservador, o bilionário Donald Trump – um magnata do setor imobiliário sem qualquer experiência política – derrubou 16 políticos republicanos, inclusive alguns pesos-pesados, e já tem delegados suficientes para garantir sua indicação presidencial.

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