Hillary Clinton e Donald Trump, dois candidatos que se apresentam como polos opostos na política americana, protagonizam nesta quarta-feira um debate crucial para pavimentar o caminho em direção à Casa Branca nas eleições presidenciais, que serão realizadas em apenas 20 dias.

Este será o terceiro e último debate entre os dois aspirantes e representa a última oportunidade para apresentar suas ideias e propostas diante de milhares de telespectadores nesta reta final para as eleições de 8 de novembro.

Os dois candidatos já protagonizaram dois debates nesta campanha, que embora apresentassem uma agenda pré-determinada de temas se transformaram em um verdadeiro festival de golpes baixos, acusações de ambos os lados, discussões sobre a vida sexual e até ameaças de prisão.

Nesta quarta-feira, a polêmica sobre má-conduta sexual teve um novo capítulo, quando uma ex-jornalista de TV declarou que o ex-presidente Bill Clinton, marido de Hillary, a teria tocado de forma indecente em três ocasiões em 1980.

“Estou convencida de que não sou a única mulher que sofreu este tipo de coisas de parte de Bill Clinton”, disse Leslie Millwee em um vídeo.

Hillary dedicou vários dias à sua preparação para o debate desta noite, a ponto de manter uma agenda de atos públicos muito leve para se trancar em um hotel com um seleto grupo de assessores e auxiliares de forma a não ser surpreendida em nenhum ponto.

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Em contrapartida, Trump manteve uma intensa agenda de discursos públicos e reservou apenas algumas horas de cada dia para discutir com seus assessores próximos o conteúdo do debate.

“Esta é a nossa oportunidade!”, disse Trump na noite desta terça-feira, em um de seus atos públicos.

O debate será moderado por Chris Wallace, jornalista da rede Fox News, normalmente alinhada ao Partido Republicano e fortemente crítica ao governo do presidente Barack Obama.

O encontro, que acontecerá na Universidade de Nevada, em Las Vegas, deverá se concentrar em temas como migração, economia e a nomeação de um posto de juiz que está vago na Suprema Corte.

Em geral, a média das diversas pesquisas realizadas (que consideram o cenário nacional ou a disputa em estados considerados chaves) mostram uma vantagem de Hillary de entre quatro e sete pontos sobre Trump que, desta forma, precisa urgentemente de um sólido desempenho para equilibrar a disputa.

Ao mesmo tempo, os dois terão que manter um delicado equilíbrio entre evitar as asperezas de forma a soar como políticos confiáveis e atacar as fragilidades do adversário, embora esta última tendência tenha sido claramente predominante nos dois últimos debates.

Como ambos têm índices de rejeição superiores a 55% entre os eleitores, uma nova noite de debates repleto de golpes baixos dificilmente ajudará algum dos dois a convencer os muitos eleitores que ainda estão indecisos.

Polêmicas sem fim

Tanto Hillary quanto Trump chegam a este debate assolados pelas intermináveis polêmicas das últimas semanas.

No caso de Trump, desde a semana passada dedicou parte importante de seus discursos públicos a denunciar que a eleição de 8 de novembro será manipulada para garantir a vitória de Hillary.

Em especial, Trump passou a reservar parte de seus discursos a atacar sem piedade a imprensa, que chamou de “desonesta” por divulgar constantemente “ficções” sobre ele.


A agressiva retórica de Trump sobre a possibilidade de manipulação das eleições levou na terça-feira o próprio presidente Barack Obama a se envolver na discussão para pedir que o polêmico milionário “pare de se queixar”.

Obama disse que a atitude de Trump de questionar o processo eleitoral era “irresponsável”, já que “não mostra o tipo de liderança e firmeza que uma pessoa deseja ver em um presidente”.

Hillary, por sua vez, voltou nesta semana a ver sua campanha ser afetada pela interminável polêmica envolvendo o servidor privado de e-mails que usou quando era secretária de Estado, um escândalo que ainda parece estar longe de se dissipar.

No último capítulo desta trama, o FBI divulgou na segunda-feira uma mensagem interna de um agente relatando um encontro em 2015 com um funcionário do Departamento de Estado que pressionava para que a Polícia Federal reduzisse o nível de classificação de uma mensagem confidencial de Hillary que havia circulado por seu servidor privado.

O documento sugere que o Departamento de Estado estava disposto a facilitar a disponibilidade de cargos para agentes do FBI no exterior caso a Polícia Federal aceitasse modificar o nível de classificação do e-mail de Hillary.

O Departamento de Estado negou categoricamente na segunda-feira e terça-feira que tenha ocorrido um caso “quid pro quo”, mas o episódio serviu para reavivar com intensidade a polêmica e as suspeitas sobre as pressões que esta dependência exerceu para livrar Hillary de pesadas sanções administrativas.


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