O movimento islamista libanês Hezbollah disparou mísseis contra uma base militar em Israel neste sábado (12), enquanto as tropas israelenses lutavam no Líbano e na Faixa de Gaza durante o Yom Kippur, o dia mais sagrado do judaísmo.

Sirenes de alarme soaram no centro de Israel neste sábado e o Exército israelense disse ter interceptado um “projétil disparado do Líbano”.

O Hezbollah, cujo líder e uma longa lista de altos funcionários morreram em bombardeios israelenses desde o início da guerra no Líbano, disse neste sábado que atacou uma base militar ao sul da cidade de Haifa com mísseis.

Os combatentes do Hezbollah atacaram “uma fábrica de materiais explosivos”, afirmou o grupo pró-iraniano em comunicado.

Segundo um correspondente da AFP, o Exército israelense bombardeou o sul do Líbano, onde há três semanas iniciou uma vasta ofensiva aérea e terrestre contra o Hezbollah.

O porta-voz militar para o público de língua árabe, Avichay Adraee, ordenou aos moradores do sul do Líbano neste sábado “que não retornassem às suas casas” para a sua “própria segurança”.

Os disparos coincidem com o feriado de Yom Kippur, que Israel celebra desde a noite de sexta-feira até o pôr do sol deste sábado.

Durante este “dia da expiação”, que é o feriado mais importante do judaísmo, o país para: as fronteiras, os aeroportos e a maior parte das empresas permanecem fechados e os transportes públicos estão suspensos.

Mas com o país em guerra contra o Hezbollah no Líbano e o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza, ambos aliados e apoiados pelo Irã, as tropas israelenses continuaram lutando nas fronteiras norte e sul em meio a uma onda de críticas porque quatro soldados da paz da ONU foram feridos no Líbano na quinta-feira.

Horas antes do início do Yom Kippur, Israel enfrentou uma onda de condenação internacional após um “ataque” a uma posição da força de paz das Nações Unidas no Líbano, a Unifil.

O Exército israelense garantiu que disparou na direção de uma “ameaça” perto da posição das forças da ONU e garantiu que realiza uma investigação para esclarecer o ocorrido.

– Represália contra o Irã –

Após o feriado de Yom Kippur, é provável que as atenções se concentrem mais uma vez na esperada retaliação contra o Irã, que lançou cerca de 200 mísseis contra Israel em 1º de outubro.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, prometeu esta semana que a resposta de seu país seria “mortal, precisa e surpreendente”.

No entanto, a administração do presidente dos EUA, Joe Biden, pressiona para que a resposta israelense seja “proporcional” e não empurre a região para uma guerra mais ampla.

Biden instou Israel a evitar atacar instalações nucleares ou infraestruturas energéticas iranianas.

O Hezbollah abriu uma frente contra Israel na fronteira entre os dois países há um ano para apoiar o seu aliado Hamas, em guerra na Faixa de Gaza com Israel após o ataque do movimento islamista em 7 de outubro de 2023 em solo israelense.

Desde 23 de setembro, Israel intensificou a campanha militar contra a milícia pró-iraniana e uma semana depois iniciou incursões terrestres no Líbano.

Mais de 2.100 pessoas morreram no Líbano em um ano, mais de 1.200 delas desde a intensificação dos bombardeios há três semanas, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais.

Os esforços diplomáticos para negociar o fim dos combates falharam até agora, mas o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, apelou na sexta-feira ao Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo “imediato”.

Segundo a ONU, há quase 700 mil pessoas deslocadas dentro do Líbano e cerca de 400 mil pessoas fugiram para a Síria.

– Bombardeios em Gaza –

Embora nas últimas semanas Israel tenha concentrado a maior parte das suas operações na frente libanesa, continua a bombardear a Faixa de Gaza na sua luta contra o Hamas, depois de mais de um ano de combates no território palestino.

Atualmente, o Exército israelense cerca a cidade de Jabaliya, no norte da Faixa, onde acusa o Hamas de reconstituir as suas forças.

A Defesa Civil de Gaza relatou 30 mortes na sexta-feira em uma série de bombardeios israelenses naquela cidade.

Um jornalista da AFP também relatou tiros e explosões no bairro de Al Zeitun, na cidade de Gaza, neste sábado.

O conflito entre Israel e o Hamas eclodiu após o ataque sem precedentes de milicianos islamistas em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.

Das 251 pessoas raptadas naquele dia, 97 ainda estão detidas em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo Exército israelense.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva implacável na Faixa de Gaza, território governado pelo Hamas, onde já morreram 42.175 palestinos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera confiáveis.

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