Vivemos numa época em que o heroísmo anda meio fora de moda, tendo sido substituído por um egoísmo exacerbado. A palavra sacrifício não desperta mais tanta aprovação. Ao contrário: todos parecem bancar as vítimas, num mimimi insuportável alimentado pelo perverso mecanismo de incentivos do Estado, já que quem não chora não mama.

O comunista Brecht dizia que era pobre o povo que precisava de heróis. Mas é mais pobre o povo que não tem heróis, ou pior: tem os heróis errados, como Macunaíma, ou sua versão real, o metalúrgico sem caráter que virou presidente populista e corrupto e que destruiu o País.

Em clima natalino, prefiro focar nos heróis de verdade, naqueles que demonstram coragem, determinação e altruísmo, e que enfrentam os inimigos da liberdade sem sucumbir ao niilismo. Até porque, como sabia Dante, o inferno tem um lugar terrível reservado àqueles que perderam qualquer esperança. Ela pode ser a falsária da verdade, se nos perdermos em nossas ilusões. Mas se ela realmente morrer, nada mais nos restará.

Li esses dias a história de Kazimierz Piechowski, um dos poucos judeus poloneses a conseguir escapar do temido campo de prisioneiros em Auschwitz. Ele fez tal façanha elaborando um plano de fuga ousado, e se disfarçando de oficial nazista. Depois da liberdade, foi preso por outro regime totalitário nefasto, o comunista.

Não obstante, o já idoso explicou porque passou sua vida descrevendo os pesadelos de sua experiência, sem perder a ternura, ao contrário daquele famoso guerrilheiro comunista: “Eu sou Escoteiro, então eu tenho que fazer a minha obrigação — e ser alegre e agradável. E eu serei um Escoteiro até o fim da minha vida”.

Cito outro caso, de um colega meu, Paulo Cruz, em uma dimensão bem diferente, sem dúvida, mas que mostra como cada um de nós pode ser heroico em nossas realidades. Paulo trabalhava com informática, mas seu sonho era a licenciatura. Formou-se em filosofia e foi dar aulas. Negro, teve a coragem de remar contra a maré da vitimização, preferindo apontar a falácia da narrativa esquerdista de que o Brasil é um país racista. O professor teve agora seu mérito reconhecido pelo Ministério da Cultura. Ele recebeu a condecoração na classe Cavaleiro da Ordem do Mérito Cultural.

O novo filme da saga “Star Wars” fala de heroísmo e esperança. Em que pese sua enorme concessão ao politicamente correto, tendo inclusive transformado a fera Chewbacca num vegetariano, a mensagem continua válida: na luta entre o bem e o mal, dentro e fora de nós, é preciso ter clareza moral, coragem, força de vontade e, acima de tudo, manter acesa a chama da esperança. Afinal, Ele morreu para nos salvar, e é nossa obrigação fazer o melhor que pudermos nessa vida. Feliz Natal!

Em clima natalino, prefiro focar nos heróis de verdade, naqueles
que demonstram coragem, determinação e altruísmo, e que
enfrentam os inimigos da liberdade sem sucumbir ao niilismo