Milhares de mexicanos montados a cavalo foram às ruas do povoado onde há um século, neste mesmo dia, foi assassinado Francisco “Pancho” Villa, o fugitivo convertido em revolucionário e que inspirou diversas lendas.

Com botas e roupas de vaqueiros, incluindo o ‘sombrero'(chapéu) para se proteger do sol escaldante, os cavaleiros chegaram na quarta-feira às ruas de Parral, no estado de Chihuahua, no primeiro dia de comemoração do centenário da morte do revolucionário. Uma simulação de seu assassinato está prevista para esta quinta-feira (20).

Assim terminou uma cavalgada que para alguns cavaleiros começou há mais de duas semanas, aproximadamente 600km ao norte, perto da fronteira entre o México e Estados Unidos.

Outros se somaram ao longo do percurso pelas vastas planícies de Chihuahua para homenagear o homem conhecido como o “Centauro do Norte”, rosto emblemático da Revolução Mexicana junto de Emiliano Zapata, “O Caudilho do Sul”.

“Foi um herói. Outros o consideram vilão e outros assassino. Mas não é assim. Me sinto muito orgulhoso de estar presente neste dia”, disse Javier Baca, de 55 anos, habitante de Parral e que participou fantasiado de Villa, com ‘sombrero’ de aba larga e um lenço no peito.

– “Grande caudilho militar” –

Villa foi um dos líderes da Revolução de 1910 realizada inicialmente contra a ditadura de Porfírio Días, exilado em Paris em 1911, e que levou à adoção da Constituição de 1917, que ainda segue vigente.

“Villa foi o grande caudilho militar da revolução na segunda etapa”, explica à AFP o historiador Paco Ignacio Taibo II, diretor do estatal Fundo de Cultura Econômica.

Esse revolucionário gerou entre os historiadores “uma combinação de admiração, repulsa, fascínio, medo, amor, ódio”, escreve Taibo II em seu livro “Pancho Villa, uma biografia narrativa”.

– Robin Hood mexicano –

Este filho de rendeiros chegou a ser visto como um Robin Hood mexicano, que roubava dos ricos para dar aos pobres, antes de se tornar um militar talentoso, general revolucionário com visão social.

Mas outros relatos retratam Doroteo Arango, seu verdadeiro nome, como um bandoleiro, ladrão de gado e assassino a sangue frio que se uniu aos revolucionários apesar de não ter uma verdadeira ideologia.

“Há lendas de Villa, o Robin Hood; Villa, o Napoleão do México; Villa, o assassino impiedoso; Villa, o mulherengo e Villa, como o único estrangeiro que atacou o território continental dos Estados Unidos desde a guerra de 1812 e saiu”, escreveu o historiador austríaco Friedrich Katz, considerado um dos maiores biógrafos do revolucionário.

A vida e a morte de Villa inspiraram uma grande quantidade de cantigas populares, bem como filmes mexicanos e de Hollywood.

Nos Estados Unidos, é mais conhecido por seu ataque a Columbus, Novo México, em 1916, por motivos que foram objeto de conjecturas e debates.

Em resposta, os Estados Unidos enviaram tropas sob o comando do general John J. Pershing em uma missão infrutífera para capturar Villa, o que aumentou sua fama no México.

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