Paul Rusesabagina, um ex-hoteleiro e opositor cuja história inspirou o filme “Hotel Ruanda”, não compareceu nesta segunda-feira (17) à abertura de seu julgamento em apelação, solicitada pela Promotoria ruandesa que quer que sua pena de prisão de 25 anos de por “terrorismo” seja agravada.

Devido à ausência o ex-diretor do Hotel de las Mil Colinas, o juiz François Regis Rukundakuvuga adiou o processo e disse que o tribunal “decidirá” na terça-feira se as audiências prosseguem ou não com ele.

Paul Rusesabagina foi declarado culpado em setembro “de ter fundado e pertencido” à Frente de Libertação Nacional (FLN), grupo armado acusado de ter cometido ataques sangrentos em Ruanda em 2018 e 2019.

Foi condenado em setembro a 25 anos de prisão. A Promotoria, que pediu prisão perpétua, recorreu ao conjunto das penas contra Rusesabagina e seus 20 co-acusados. Eles compareceram ao tribunal nesta segunda-feira, com suas roupas de presidiários.

Rusesabagina, detido desde agosto de 2020, e seus advogados já boicotaram a maioria das audiências em primeira instância, e denunciaram um processo “político” e maus-tratos durante sua prisão.

Paul Rusesabagina, de 67 anos, ficou famoso com o filme “Hotel Ruanda” (2004), que relata como este hutu moderado salvou mais de mil pessoas durante o genocídio de 1994, que causou 800.000 mortes, essencialmente tutsis.

Depois usou sua fama para se opor ao presidente Paul Kagame, a quem acusou de autoritarismo e de alimentar um sentimento anti-Hutu.

A partir de 1996 viveu exilado nos Estados Unidos e na Bélgica antes de ser detido em Kigali em 2020 em circunstâncias pouco claras, ao descer de um avião que ele acreditava que o levava a Burundi.