Heleno usa direito ao silêncio para não responder a perguntas de Moraes

Ton Molina/STF
O general Augusto Heleno em interrogatório sobre suposta trama golpista Foto: Ton Molina/STF

O general da reserva do Exército Augusto Heleno decidiu exercer o direito ao silêncio e não responder às perguntas feitas pelo ministro Alexandre de Moraes em interrogatório no STF (Supremo Tribunal Federal). Veja abaixo o momento:

Heleno é acusado de cinco crimes por uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022, razão pela qual foi o terceiro interrogado nesta terça-feira, 10. No governo do ex-presidente, chefiou o GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência).

Após o pedido feito pela defesa do militar, Moraes esclareceu que “o réu arguiu seu direito constitucional ao silêncio e irá responder somente às perguntas de sua defesa” e prosseguiu com seus questionamentos, para constar nos autos do processo. Em seguida, o advogado de Heleno fez suas próprias perguntas.

+Vídeo: relembre a cronologia da suposta tentativa de golpe

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Heleno foi quinto interrogado

+O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, afirmou que o antigo chefe recebeu e editou o documento que descrevia o planejamento da ruptura institucional.

+O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), disse não ter como provar fraude nas eleições de 2022, apesar de ter relatado ao ex-presidente que havia irregularidades nas urnas, conforme mensagens obtidas pelos policiais.

+O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, negou ter colocado suas tropas à disposição do plano golpista, ao contrário do que relataram seus colegas de Alto Comando.

+O ex-ministro Anderson Torres, que chefiou a Segurança Pública sob Bolsonaro, disse que um documento com o plano de ruptura foi parar na sua residência por uma “fatalidade” e era “muito mal escrito”.

Quem ainda será ouvido

  1. Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  2. Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  3. Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.

Os oito integram o “núcleo 1” da trama golpista, considerado responsável pelas principais ações para concretizar a ruptura institucional. Todos respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Em caso de condenação, as penas passam de 43 anos de prisão.

O interrogatório é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do grupo aconteça no segundo semestre de 2025.

Por estarem na condição de réus, os acusados podem se recusar a responder às perguntas que possam incriminá-los, como fez Heleno. A Constituição garante aos investigados o direito de não produzir provas contra si.