Hegseth: EUA está ‘apenas começando’ ataques contra supostas lanchas do narcotráfico

O secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou nesta terça-feira (2) que seu país está “apenas começando” os ataques contra embarcações de supostos narcotraficantes no Caribe e no Pacífico.

Iniciados em setembro, os ataques já deixaram mais de 80 mortos, e seus críticos afirmam que eles equivalem a execuções extrajudiciais, mesmo que tenham criminosos como alvo.

“Estamos apenas começando a atacar barcos do narcotráfico e a enviar os narcoterroristas para o fundo do oceano, porque eles vêm envenenando o povo americano”, disse Hegseth, em reunião de gabinete. “Tivemos uma pequena pausa porque é difícil encontrar barcos para atacar neste momento, o que é exatamente o objetivo, não? A dissuasão tem que ser importante.”

Hegseth e o governo do presidente Donald Trump são alvo de críticas especialmente porque as forças americanas realizaram um segundo ataque contra uma suposta lancha usada por narcotraficantes, para eliminar sobreviventes.

Tanto a Casa Branca quanto o Pentágono asseguram que Hegseth não teve relação com essa decisão – que, segundo legisladores, poderia constituir um crime de guerra – e responsabilizam o almirante que supervisionou a operação, o qual apoiam.

Hegseth afirmou hoje que não viu pessoalmente nenhum sobrevivente do ataque inicial das forças americanas. Ele disse que não estava no intervalo em que decidiu-se pelo segundo ataque, devido a outra reunião.

– Legalidade –

A secretária de imprensa do Pentágono, Kingsley Wilson, insistiu mais cedo na legalidade dos ataques. As operações “são legais, tanto sob a lei americana quanto sob a lei internacional, com todas as ações em conformidade com o direito de conflitos armados”.

Na véspera, a Casa Branca informou que o almirante que chefia o Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos havia ordenado o ataque em sequência contra uma suposta embarcação do narcotráfico, ao defender a decisão de atacar os sobreviventes do bombardeio inicial.

Frank Bradley “agiu dentro de sua autoridade e conforme a lei ao dirigir o ataque para garantir que o barco fosse destruído, e a ameaça aos Estados Unidos, eliminada”, disse a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt. O secretário de Guerra “autorizou o almirante Bradley a realizar esses ataques”, acrescentou.

Os dois ataques ocorreram em 2 de setembro, e deram início a uma campanha dos Estados Unidos no Caribe. Na semana passada, a imprensa americana noticiou que um ataque inicial naquele dia havia deixado dois sobreviventes, que foram mortos em um ataque subsequente, após uma ordem de Hegseth.

Bombardeios posteriores que deixaram sobreviventes foram seguidos de esforços de busca, que resgataram duas pessoas em um dos casos e não conseguiram encontrar outra posteriormente, em outubro.

Os Estados Unidos enviaram uma flotilha para o Caribe sob o argumento de combater o narcotráfico. A tensão regional aumentou em consequência dos ataques, com o líder esquerdista da Venezuela, Nicolás Maduro, acusando Washington de usar as drogas como pretexto para tentar derrubá-lo.

Maduro, cuja reeleição no ano passado foi classificada por Washington como fraudulenta, insiste em que não há produção de drogas na Venezuela. Segundo ele, o país é usado como rota de tráfico de cocaína colombiana contra a sua vontade.

dk-wd/aha/val/mar/am-lb