Após Rita Lee Mora Ao Lado (2014), Otelo (2015) e Pedras Azuis (2016), o grupo A Não Companhia de Teatro está de volta ao palco com sua quarta montagem, Hedda Gabler, do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). A montagem traduzida por Leonardo Pinto Silva e com direção de Márcio Macena, em cartaz no Espaço Parlapatões, conta no elenco com Mel Lisboa, Samuel de Assis, Dudu Pelizzari, Rafael Maia, Carol Carreiro e Yael Pecarovich.

Escrito em 1891, o texto é centrado na complexa figura de Hedda, interpretada por Mel Lisboa. “A Mel já tinha esse desejo (de montar esse texto de Ibsen) desde que a companhia fez uma leitura há dois anos, e nós achamos que esse era um momento importante para falar sobre o papel da mulher na sociedade de hoje”, conta o diretor Márcio Macena.

Filha do general Gabler, que morreu sem deixar herança, Hedda acaba se casando com Jorgen Tesman (Dudu Pelizzari). Hedda esconde que está grávida. Tesman está à espera de uma cadeira na Universidade, mas vai precisar competir pelo posto com o talentoso Eilert Lovborg (Rafael Maia), antigo admirador de Hedda, que é conhecido por beber demais. Mantendo-se sóbrio nos últimos tempos, Lovborg se dedica a duas teses em colaboração com Thea Elvsted (Carol Carreiro), que é apaixonada por ele.

Após ser embebedado por Hedda, Lovborg perde o manuscrito do novo livro, que vai parar nas mãos do rival Jorgen Tesman. Ele dá o manuscrito a Hedda e, a partir daí, ela manipula a vida de quem está em seu entorno.

“A Hedda é uma personagem muito complexa, porque ela tem várias camadas de insatisfação, de escolhas que ela fez e que levaram para essa situação em que ela está na ação da peça, que se passa toda em dois dias. Ela acabou de chegar de uma viagem de núpcias de seis meses, em que ficou entediada o tempo todo. Chegou e continua nesse tédio, sabendo o que a espera. Ela está grávida, não queria estar grávida, mas não tem o que fazer”, afirma Mel Lisboa.

“A Hedda me parece uma mulher que gostaria de fazer muitas coisas, mas a mulher naquela época não podia fazer, não podia ter uma profissão. O destino da mulher era casar e ter filhos, e ela está infeliz com essa condição. Como não resta nada a Hedda, ela quer brincar com o destino dos outros”, completa ela.

Apesar de ser situada numa determinada época, a peça traz um texto atemporal. “Hedda Gabler pode ser lido como um microcosmo da sociedade atual, que está em mudança, mas ainda lida todos os dias com as dificuldades que a mulher enfrenta em busca de respeito e igualdade”, conclui Macena.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.