PROPOSTAS
Temer vai para
o debate: o que concretamente
os candidatos
vão propor como solução para o País? (Crédito:Marcos Corrêa)

Caso o governo não consiga votar ou saia derrotado na reforma da Previdência pela ação dos candidatos nas eleições de outubro, haverá fortes cobranças. O Planalto acredita fortemente que os brasileiros irão às urnas num país diferente, com crescimento e recuperação econômica. E que poderia ter sinais ainda melhores com a aprovação das reformas. Assim, o governo prepara-se para cobrar claramente nas eleições que soluções concretas cada candidato propõe. A estratégia é desmascarar ao máximo posicionamentos que forem meramente demagógicos e eleitoreiros. Lembrando que na eleição passada, o País já pagou um preço alto pelo discurso da ex-presidente Dilma Rousseff negando na ocasião a necessidade de um ajuste fiscal, que se viu obrigada a tentar fazer logo depois.

Manada

Para o Palácio do Planalto, a definição das possibilidades da reforma da Previdência vai se dar dentro de um fenômeno que chamam de “efeito manada”. Se os deputados perceberem que a tendência é favorável, os votos aumentam. Se for contrária, diminuem. Por isso, o momento de colocar a reforma em votação será avaliado com muita cautela.

Eleições 

Na verdade, já se avalia que a reforma da Previdência dificilmente será votada antes das eleições. Com o resultado das urnas, sabedores de que teriam mais quatro anos de mandato na mão, os deputados até admitem aprovar o projeto no apagar das luzes de 2018, porque daria para diluir no próximo mandato a impopularidade que o gesto causaria.

Malas prontas

Divulgação

Principal articulador da pré-campanha de Jair Bolsonaro, o deputado Delegado Francischini (PR) pode deixar o Solidariedade caso o partido não embarque na campanha do ex-capitão do Exército. A indefinição do partido quanto à candidatura tem sido a principal queixa do parlamentar a interlocutores da Câmara. O destino de Francischini pode ser o mesmo do presidenciável: o PSL.

Rápidas

* Em toda a região Sul do País, apenas dez juízes federais não recebem auxílio-moradia de R$ 4.377,73 por mês. Dos 420 magistrados e desembargadores que atuam no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o benefício pago a 410 vai gerar em 2018 um custo total de R$ 1.838.646,60.

* Foi prorrogado por 90 dias o inquérito policial conduzido pela Polícia Federal do Paraná contra o ex-deputado do PT Cândido Vaccarezza. Ele é acusado de receber propina de uma empresa que fornecia asfalto para a Petrobras.

* Analistas políticos acreditam que as eleições de outubro, com as novas regras, custarão algo em torno de 30% a menos do que custou o pleito de 2014. Deverá ser também uma campanha curta, definindo-se as candidaturas apenas em julho.

* Ganha, nessa lógica, quem tem possibilidade de colocar dinheiro próprio: empresários, milionários e celebridades. Quem tem capacidade de orientar votos: igrejas. Perdem força os sindicatos, com o fim do Imposto Sindical.

Retrato falado

“Eu acho muito pouco. Coloca lá: ‘o desembargador disse que é muito pouco’” (Crédito:Moacyr Lopes Junior)

Em meio à polêmica do pagamento de auxílio-moradia a juízes que possuem imóveis próprios, o novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças, usou de ironia para defender o benefício. Ele disse que considera “muito baixo” o valor do auxílio, de cerca de R$ 4,3 mil, e admitiu recebê-lo, mesmo tendo mais de um imóvel em São Paulo. Calças afirmou ainda que os juízes não são antiéticos, pois o benefício está previsto em lei.

Líderes estudantis

A ala mais moderada do PT trabalha para consertar o estrago provocado pelo discurso de desobediência civil capitaneado pela presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e pelo líder da bancada, Lindbergh Faria (RJ). “Se comportaram como líderes estudantis”, diz um integrante dessa ala. Para esse grupo, eles erraram completamente o tom. Seria válido questionar, avaliam os moderados, a decisão da Justiça, mas não pregar a desobediência da ordem da forma como os dois pregaram. Essa é uma postura que o cidadão brasileiro não costuma aceitar bem. E que acaba, consideram, beneficiando Jair Bolsonaro, que prega em seu discurso a obediência à lei e à ordem.

Toma lá dá cá

Roberto Requião, senador (PMDB-PR)

Por que um projeto que desobriga o uso de “Excelência” e outros pronomes de tratamento para as autoridades?

Há um uso exacerbado de retórica no tratamento que decorre do período da monarquia portuguesa, em quem se conferiam títulos nobiliárquicos aos bajuladores do rei, e ao povo era ordenado tratar esses detentores com extrema distância. Títulos revelam um distanciamento entre seres humanos, reforçando a tese de que existem alguns que têm mais direitos que outros.

Isso não acirra ainda mais os ânimos com o Judiciário?

Não sou eu, mas são a declaração universal dos direitos do homem e a nossa Constituição Federal que propõem a igualdade de todos.

De barriga cheia

Os moderados comentam que Gandhi, quando defendeu a desobediência civil na Índia, pregava uma forma de resistência pacífica, sem violência e sem confronto. E saía à frente para dar os exemplos. Fez greve de fome na defesa de suas posições. Aqui, Lula, tão logo soube da sua condenação, foi jantar num restaurante.

Sinais…

O ministro Napoleão Nunes Maia aproveitou a cerimônia de posse do presidente do Tribunal Superior Eleitoral Luiz Fux para elogiar Sepúlveda Pertence, egresso da Corte Eleitoral. O mimo não passou despercebido por um deputado da Rede, que achou estranha a mensagem ter sido feita no dia em que Sepúlveda se integrou à defesa do ex-presidente Lula.

Ueslei Marcelino

…trocados

Napoleão Nunes foi nomeado para uma cadeira do TSE justamente pelo pré-candidato petista. Se sua mensagem deixou dúvida, o mesmo não se pode dizer do discurso de Luiz Fux: “A Justiça Eleitoral será irredutível na aplicação da ficha limpa. A pessoa corrupta não conduz o país para um futuro. Ficha suja está fora do jogo democrático”.

De marido para mulher

Mateus Bonomi

Diz o presidente Michel Temer que sua mulher, Marcela, preferia que ele não disputasse a reeleição em outubro. Mas ele ainda tem tempo para convencê-la do contrário. Dos possíveis personagens na corrida, é quem tem mais tempo para se decidir. Ele e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), não precisam deixar os cargos.