Quando criança, Harry Kane foi recusado pelo Arsenal e teve problemas por ser considerado baixo e lento demais. Hoje é a grande estrela do Tottenham e capitão da seleção da Inglaterra, que disputa a semifinal da Copa do Mundo contra a Croácia.

“É um dos nossos”, comemoram os Spurs, apesar do londrino não ter tido caminho fácil para chegar a White Hart Lane. Nascido em Walthamstow a 15 minutos do estadio, Kane passou por Arsenal, Millwall e Leicester.

“Notava-se de imediato. Apesar de ser jovem, sabia chutar a bola”, explicou à AFP David Bricknell, técnico do time juvenil de Ridgeway Rovers, famoso pela estreia de David Beckham.

“Estou há 2 anos nisso, e poucos se destacaram com ele. O tivemos por duas temporadas e ele fez muitos gols. O Arsenal o detectou rapidamente, mas lá foi difícil”, acrescentou.

– Obcecado pela definição –

Kane revelou em fevereiro, em artigo para o The Players Tribune, o que sentiu ao se descartado pelo Arsenal.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

“Tinha oito anos e meu pai me disse que o Arsenal me mandava de volta. Não me lembro o que senti neste momento, só da reação do meu pai: não me criticou nem criticou o Arsenal. Só disse: ‘não se preocupe, Harry. Trabalharemos mais duro e encontraremos outro clube, tudo bem?'”, relatou o jogador, atual artilheiro da Copa do Mundo com seis gols.

Foi a primeira advertência das dificuldades futuras. Kane não continuou o caminho de Michael Owen e Wayne Rooney, destinados a se tornarem estrelas da Inglaterra desde crianças. Reincorporado ao Watford, marcou três gols contra os Spurs que convenceu o time local a chamá-lo em 2004.

“Com 14 anos, chegou o limite para ficar com ele” conta o ex-dirigente do Tottenham, Chris Ramsey, para a revista FourFourTwo. “Sempre teve talento, mas era pequeno e os jogadores pequenos tinham dificuldade para ganhar espaço”.

O que perdia em aceleração, Kane compensava com vontade.

“Um volume de trabalho e mentalidade impressionantes”, ressalta o então diretor do centro de treinamento, Alex Inglethorpe, que lembra de um artilheiro “obcecado pela definição”.

– Do sofá para a elite –

Emprestado para Leyton East, Millwall e Norwich, inclusive antes de cumprir 20 anos, o jovem atacante estava desanimado. Bloqueado na segunda divisão, Kane esquentou o banco de reserva nos ‘Foxes’ ao lado de Jamie Vardy.

Seu pai o convenceu a continuar esperando, mas foi um documentário sobre Tom Brady, considerado o melhor quarterback da história da NFL, que mudou sua vida. Brady foi apenas o sexto jogador ‘Draftado’ por seu físico, mas superou as adversidades para conquistar cinco Super Bowls pelos New England Patriots.

“Me impressionou”, diz Kane. “Foi uma verdadeira fonte de inspiração. Brady acreditava tanto nele que continuou trabalhando que maneira quase obsessiva. Foi como se uma luz se acendesse na minha cabeça, ali sentado no sofá em Leicester”, indicou.

No verão seguinte, determinado a mostrar que tinha espaço no Tottenham, Kane recusou novo empréstimo. “Era como se pudesse ver meu sonho de infância ali, diante dos meus olhos. A vida não te dá nada, é preciso ir buscar”, garantiu o centroavante inglês.

Agora o que quer é tentar o título da Copa do Mundo, um sonho que está muito próximo.


mam-kca/pgr/gf/dr/psr/fa


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias