Um funcionário de alto escalão do Hamas na Faixa de Gaza afirmou, nesta quarta-feira (16), que a maioria dos palestinos que morreram esta semana nos incidentes na fronteira com Israel pertencia ao grupo islamita que dirige no enclave.

O exército e o governo israelenses, que enfrentam uma onda de repúdio pela morte de dezenas de palestinos por disparos israelenses, retomaram essa declaração do Hamas para questionar o caráter pacífico dos acontecimentos e reiterar que foram orquestrados pelo Hamas.

Milhares de palestinos iniciaram em 30 de março na Faixa de Gaza um movimento de mais de seis semanas contra o bloqueio israelense e pelo direito dos palestinos de regressar às suas terras, de onde fugiram após a guerra que eclodiu com a criação do Estado de Israel em 1948.

“Cinquenta dos mártires eram do Hamas e 12 civis”, explicou o encarregado, Salah Bardawil, durante um programa da televisão palestina, sem dar mais detalhes.

Um porta-voz do movimento, Fawzy Barhum, não confirmou o número de 50 mortos como membros do Hamas.

Barhum assegurou à AFP que o Hamas pagou os funerais desses 50 falecidos “sendo ou não membros ou simpatizantes do Hamas”.

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Outro responsável do movimento islamita que controla a Faixa de Gaza, Bassem Naim, não quis confirmar nem desmentir a cifra, e se limitou a indicar que os protestos na fronteira são parte de um “grande movimento com muito apoio popular”.

Os membros do Hamas que morreram nos incidentes estavam “participando pacificamente” das manifestações, assegurou.

De acordo com o Exército israelense, o uso da munição letal na fronteira foi necessário para impedir a infiltração maciça de ativistas, e as palavras de Bardawil confirmariam essa atitude.

O resultado foi o dia mais violento no conflito palestino-israelense desde a guerra de Gaza de 2014.

O Hamas, que travou três guerras contra Israel desde 2008, apoiava a mobilização, assegurando que era uma iniciativa civil e pacífica.

A tensão permanece alta na região, e nesta quarta-feira tanques israelenses dispararam contra três posições do Hamas, em resposta a disparos provenientes das mesmas, segundo um comunicado do Tsahal (exército israelense).

Não houve feridos do lado israelense.

Em um outro incidente, uma casa israelense na cidade de Sderot foi alvo de tiros de metralhadora vindos do lado palestino, de acordo com a polícia.

A Guatemala também inaugurou nesta quarta-feira em Jerusalém sua nova embaixada em Israel, provocando a fúria da direção palestina que acusou o governo guatemalteco de se posicionar ao lado dos “crimes de guerra israelenses”.

– “Agressão israelense” –

Os atos de violência em Gaza nesta segunda-feira continuaram a gerar preocupação e indignação no exterior.


O papa Francisco disse estar “muito preocupado pela escalada das tensões na Terra Santa” e o presidente russo Vladimir Putin pediu para que se “renuncie à violência”.

Os ministros árabes das Relações Exteriores se reunirão na quinta-feira no Cairo para abordar o tema “da agressão israelense contra o povo palestino”.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan criticou nesta quarta-feira o “silêncio” internacional diante da matança israelense dos palestinos.

“Se o silêncio em torno da tirania israelense continua, o mundo afundará rapidamente no caos onde o bandidismo predominará”, acrescentou Erdogan.


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