Hamas anuncia retirada do exército israelense do corredor que divide Gaza

Hamas anuncia retirada do exército israelense do corredor que divide Gaza

O Hamas anunciou, neste domingo (9), a retirada completa das tropas israelenses do chamado corredor Netzarim, que divide a Faixa de Gaza em duas e impede que os deslocados retornem ao norte, no âmbito da frágil trégua entre Israel e o movimento islamista.

“As forças israelenses desmantelaram suas posições e postos militares e removeram completamente seus tanques do corredor Netzarim na rodovia Salahadin, permitindo que os veículos passassem livremente em ambas as direções”, disse um funcionário do Ministério do Interior na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas.

O corredor Netzarim era uma faixa de terra que dividia o enclave palestino em duas partes, norte e sul, estabelecido por Israel e que até agora era militarizado pelo exército israelense.

Jornalistas da AFP confirmaram que não havia forças israelenses e viram carros, ônibus, caminhonetes e carroças puxadas por burros circulando pela rodovia Salahadin, a principal rota de comunicação de norte a sul da Faixa, que também atravessa o corredor.

De acordo com uma autoridade do Hamas, a retirada israelense de Netzarim neste domingo faz parte do acordo de trégua que entrou em vigor em 19 de janeiro, após mais de 15 meses de guerra entre Israel e o grupo islamista.

A guerra começou com um ataque do Hamas em território israelense em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.210 mortos do lado israelense, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

O Hamas fez 251 reféns em Gaza, dos quais 73 permanecem no território, incluindo 34 que teriam morrido, segundo o exército israelense.

A ofensiva de retaliação israelense deixou pelo menos 48.181 mortos em Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

“Acontecimentos graves”

Com base no acordo de cessar-fogo, Israel e Hamas realizaram várias trocas de reféns israelenses por prisioneiros palestinos.

A quinta troca ocorreu no sábado e levou à libertação de três reféns israelenses e 183 detidos palestinos.

Após a entrega, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamou os membros do Hamas de “monstros” devido à aparência dos reféns.

De acordo com o hospital que os tratou, dois deles, Or Levy e Eli Sharabi, estavam em “mau estado”, enquanto o terceiro, Ohad Ben Ami, sofria de problemas nutricionais “graves”.

Após essa troca, espera-se que a próxima fase do cessar-fogo comece, o que deve levar o conflito a um fim permanente.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu o mundo esta semana ao sugerir que os Estados Unidos deveriam “assumir o controle” da Faixa de Gaza e deslocar seus habitantes.

Ele também disse que Egito e Jordânia poderiam acolher os palestinos de Gaza, uma ideia que ambos os países rejeitaram categoricamente.

O ministro das Relações Exteriores egípcio, Badr Abdelatty, partiu para Washington neste domingo para se reunir com altos funcionários do governo Trump e congressistas.

O objetivo é “fortalecer as relações bilaterais e a parceria estratégica entre o Egito e os Estados Unidos” e realizar “consultas sobre a situação regional”, disse o Ministério das Relações Exteriores egípcio.

O Egito anunciou que sediará uma cúpula árabe extraordinária em 27 de fevereiro para abordar “os últimos acontecimentos sérios” relacionados aos territórios palestinos.

“Faremos o trabalho”

Em uma entrevista à Fox News no sábado, Netanyahu elogiou a ideia de Trump e disse que Israel estava disposto a “fazer o trabalho”.

“Acho que a proposta do presidente Trump é a primeira ideia nova em anos e tem o potencial de mudar tudo em Gaza”, disse Netanyahu, garantindo que é a “abordagem correta” para o futuro do território palestino.

Segundo Netanyahu, Trump “nunca disse que queria que tropas americanas fizessem esse trabalho”.

“Você sabe o que eu digo? Nós faremos o trabalho”, ele acrescentou durante a entrevista.