Um recorde de 1,3 milhão de pessoas foram obrigadas a fugir da violência das gangues no Haiti para encontrar um abrigo precário em outros pontos do país, anunciou a ONU nesta quarta-feira (11).
O dado representa “um aumento de 24% desde dezembro de 2024”, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
“O aumento representa o maior número de pessoas deslocadas pela violência já registrado no país”, enfatizou a agência das Nações Unidas.
Amy Pope, diretora-geral da OIM, pediu ação da comunidade internacional. “Por trás desses números há muitas pessoas cujo sofrimento é imensurável”, disse.
Segundo a OIM, a capital Porto Príncipe continua sendo o epicentro da crise, embora a violência das gangues também afete outras cidades.
“Os ataques recentes nos departamentos de Centro e Artibonite obrigaram dezenas de milhares de moradores a fugir. Muitos vivem em condições precárias e em abrigos temporários”, em alguns casos sem acesso a cuidados médicos e água potável, acrescentou a organização.
O Haiti, país mais pobre das Américas, sofre há anos com a violência das gangues, acusadas de assassinatos, estupros, saques e sequestros, em um cenário de crise política e econômica persistente.
Com a temporada de furacões se aproximando, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) alertou no início do mês sobre sua incapacidade de enfrentar uma eventual catástrofe no país, onde mais da metade da população enfrenta uma situação de insegurança alimentar aguda.
Em 3 de junho, após uma visita ao Haiti, Lola Castro, diretora regional do PMA, lamentou que o plano de ajuda humanitária para 2025, que deveria receber mais de 900 milhões de dólares, estava financiado em apenas 8%.