Haiti prepara funeral de seu presidente assassinado

Haiti prepara funeral de seu presidente assassinado

Sob rígidas medidas de segurança, o Haiti prepara o funeral do presidente assassinado Jovenel Moise, 15 dias após um crime que mergulhou o país ainda mais na incerteza e reacendeu tensões históricas.

O chefe de Estado, morto a tiros aos 53 anos por um comando armado, será sepultado na sexta-feira (23) em Cap-Haitien, capital do Departamento do Norte, vizinho de sua região natal.

A segunda maior cidade do Haiti acordou calma nesta quinta-feira, diferente do dia anterior, quando confrontos foram registrados em razão da presença do diretor-geral da Polícia Nacional, Léon Charles.

O oficial foi vaiado ao inspecionar os dispositivos de segurança instalados para o funeral. Ele não participou nesta quinta de manhã de uma missa realizada na catedral.

Os haitianos o censuram por não ter conseguido proteger o presidente Moise, cujo assassinato foi perpetrado no meio da noite sob a aparente passividade dos agentes encarregados da guarda de sua casa.

O Haiti é atormentado pela insegurança e pelas gangues, um flagelo que foi agravado durante a presidência de Moise.

Sua morte reacendeu tensões históricas entre o norte do Haiti e o oeste, onde fica a capital, Porto Príncipe. Entre outros fatores, existe um antigo antagonismo entre os negros descendentes de escravos do norte e os mestiços, também chamados mulatos, do sul e do oeste.

Os moradores do norte lembram que Moise é o quinto chefe de Estado daquela região a ser assassinado no oeste, depois de Jean-Jacques Dessalines, Cincinnatus Leconte, Vilbrun Guillaume Sam e Sylvain Salnave.

“Isso diz muito para o povo do norte. Não é por acaso. Para mim, o assassinato do presidente é o assassinato do Haiti, de todos os negros como eu, de todos os filhos dos conterrâneos, de todos os esquecidos. Esta é uma luta de classes”, disse o prefeito de Cap-Haitien, Yvrose Pierre.

A catedral de Nossa Senhora da Assunção em Cap-Haitien realizou uma missa nesta quinta-feira, enquanto em Porto Príncipe várias cerimônias em homenagem ao presidente assassinado foram realizadas durante a semana.

Uma delas contou com a presença de Ariel Henry, o novo primeiro-ministro, que assumiu na terça-feira prometendo restaurar a ordem para organizar as eleições exigidas pela população e pela comunidade internacional.