Haiti pede ajuda militar dos EUA e da ONU

PORTO PRÍNCIPE, 10 JUL (ANSA) – O governo interino do Haiti pediu o envio de tropas dos Estados Unidos e da ONU para proteger locais estratégicos, como portos e aeroportos, após o assassinato do presidente Jovenel Moise, ocorrido na madrugada da última quarta-feira (7).   

“Acreditamos que os mercenários possam destruir algumas infraestruturas para criar o caos. Fizemos esse pedido durante uma conversa com o secretário de Estado americano [Antony Blinken] e com a ONU”, disse à agência AFP o ministro de Assuntos Eleitorais do Haiti, Mathias Pierre.   

A polícia diz que o comando que assassinou Moise era formado por 26 colombianos e dois americanos de origem haitiana – 17 foram presos, três morreram em confrontos com as forças de segurança e oito estão foragidos -, mas ainda não se sabe quem foi o mandante do homicídio.   

O governo dos EUA já confirmou o envio de agentes do FBI para ajudar nas investigações, mas não falou em mandar militares para o Haiti. A ONU também não respondeu publicamente à solicitação, mas o envio de “capacetes azuis” dependeria de um aval do Conselho de Segurança.   

O Ministério Público já indicou a intenção de convocar para depoimentos diversos empreendedores e políticos, como os empresários Reginald Boulos, Dimitri Vorbe e Jean-Marie Vorbe, o ex-senador Steven Benoît e o ex-líder do partido de direita Haiti em Ação Youri Latortue.   

Quatro oficiais da segurança presidencial também foram chamados a prestar depoimento.   

Vácuo de poder – Moise governava o Haiti desde fevereiro de 2017 e foi assassinado por um comando armado dentro de sua residência privada, em Pétion-Ville, nos arredores da capital Porto Príncipe.   

Sua morte abriu um vácuo de poder em um país assolado por recorrentes crises políticas, pela violência armada e por desastres naturais. Logo após o assassinato, o premiê Claude Joseph, que já tinha sido demitido por Moise e deixaria o cargo nesta semana, se autoproclamou presidente interino e decretou estado de sítio.   

Joseph, no entanto, é contestado pela oposição e por Ariel Henry, que havia sido nomeado por Moise para o posto de primeiro-ministro, porém não chegou a tomar posse.   

Enquanto isso, um grupo de oito senadores dos 10 ainda em exercício no Haiti decidiu designar o mandatário do Senado, Joseph Lambert, como presidente interino até 7 de fevereiro de 2022, com o objetivo de formar um governo de união nacional e organizar eleições gerais.   

No entanto, a medida não é vinculativa, já que o Senado não possui um número suficiente de membros empossados para aprová-la oficialmente.   

O Haiti já vinha em crise antes da morte de Moise, que não realizou eleições legislativas desde o início de seu mandato, deixando o Parlamento, na prática, sem funções. Por conta disso, ele vinha governando por decreto. (ANSA).