Atividades econômicas e educacionais ficaram praticamente paralisadas nesta quinta-feira (15) em Porto Príncipe e outras cidades do Haiti como forma de protesto para exigir a libertação de sete religiosos sequestrados em 11 de abril e mostrar solidariedade à Igreja Católica.

Todo o setor empresarial e todo o setor escolar do país aderiram a essa convocação, além da decisão da Igreja de realizar uma greve nesta quinta.

Em Porto Príncipe e na maioria das cidades provinciais, todas as atividades econômicas e escolares foram paralisadas e o transporte público era lento. O funcionamento dos serviços públicos também foi alterado.

Foram celebradas missas e sinos tocaram em todo o país nas igrejas católicas exatamente ao meio-dia, em sinal de protesto para reivindicar a soltura dos religiosos.

“A Conferência Episcopal exige a libertação de todos os sequestrados, sem condições, sãos e salvos. Denunciamos a ditadura do sequestro em nosso país”, disse o presidente da Conferência Episcopal do Haiti, Dom Launey Saturné, que celebrava uma das missas.

“Pedimos aos sequestradores que parem de fazer o povo haitiano chorar. Não podemos negociar a libertação das pessoas como negociaríamos o pão. Não podemos reduzir a vida de um ser humano ao preço de uma mercadoria”, apelou o prelado.

“Sonhamos com um Haiti sem insegurança, sem sequestros, sem violência”, acrescentou Dom Saturné.

A maioria das missas rapidamente se transformou em protestos contra o atual governo, que, segundo os manifestantes, não está fazendo nada para combater os sequestros e a falta de segurança no país.

Enquanto os bispos celebravam uma missa na igreja de São Pedro de Pétion-Ville, não muito longe de Porto Príncipe, indivíduos não identificados lançaram uma bomba de gás lacrimogêneo contra a igreja.

A Igreja Protestante também apoiou a paralisação da Igreja Católica.

Após a nomeação de um novo primeiro-ministro na quarta-feira, o Palácio Nacional disse em nota que “já foram tomadas medidas de emergência para garantir a segurança das pessoas e dos bens, para iniciar processos judiciais contra os autores dos abusos denunciados, para prosseguir com o desarmamento incondicional das gangues”.