As ruas de Porto Príncipe ficaram vazias nesta segunda-feira (18) em um dia de greve nacional convocada contra a crescente insegurança, evidenciada neste final de semana com o sequestro de missionários norte-americanos.

O sequestro de 17 adultos e crianças por uma gangue criminosa expôs mais uma vez as dificuldades do Haiti após o assassinato do presidente Jovenel Moise, que deixou um dos países mais pobres do Ocidente à beira da anarquia.

“Faz meses que pedimos ajuda e como não temos segurança contra sequestros, pedimos à população que suspenda todas as atividades”, disse Changeux Mehu, presidente da Associação de Proprietários e Motoristas, à AFP.

“Os bandidos foram longe demais. Eles sequestram, estupram mulheres. Eles fazem o que querem”, disse.

Lançado na semana passada por grupos empresariais e profissionais em Porto Príncipe, o chamado à greve ganhou ressonância no sábado, após o sequestro de 16 americanos e um canadense.

Os missionários trabalham para a organização Christian Aid Ministries, com sede nos Estados Unidos, que disse em um comunicado que o grupo, que inclui cinco crianças, foi sequestrado a leste da capital quando voltava de um orfanato.

“O sequestro dos americanos mostra que ninguém está seguro no país”, disse Mehu. “Pagamos nossos impostos ao Estado, em troca, pedimos segurança para que o país funcione”.

Gangues armadas, que controlam os bairros mais pobres de Porto Príncipe há anos, endureceram suas ações na cidade e áreas periféricas onde os sequestros foram desencadeados.

“As gangues se aproveitam (do vazio) para ganhar força”, disse Gedeon Jean, diretor do Centro de Análise e Pesquisa de Direitos Humanos.

Em agosto, os Estados Unidos instaram seus cidadãos a não viajarem ao Haiti devido a sequestros e problemas políticos.

O Departamento de Estado não forneceu detalhes sobre a busca pelos reféns, mas disse no sábado que a segurança dos americanos no exterior “é uma de suas principais prioridades”.