O ex-meia Georghe Hagi traz para o trabalho como técnico do Viitorul Constanta várias influências dos tempos de jogador. Aos 55 anos, o antigo camisa 10 ainda costuma bater bola junto com os jogadores, exige que o time tenha uma qualidade técnica do mesmo estilo que ele exibia antigamente e conta com um longo parceiro na organização do trabalho, o ex-zagueiro Gheorghe Popescu.

Os dois atuaram juntos em três Copas do Mundo e são cunhados. Enquanto Hagi é o dono e treinador, Popescu é o diretor geral da equipe e curiosamente também tem um filho que joga futebol. Nicolas é volante, tem 17 anos e é outro nome revelado pela Academia Hagi.

Com estilo de jogo inteligente e técnico, o ex-craque romeno continua com o pé calibrado até os dias atuais. Quem conta essa curiosidade é o ex-goleiro brasileiro Peterson Peçanha, que atualmente é treinador em Portugal e foi jogador do Viitorul entre 2015 e 2016. Segundo ele, em alguns treinos era comum ver Hagi em ação com uma espécie de aulas práticas para o elenco.

Certa vez, a equipe ensaiava a construção de jogadas a partir de defesa. O volante tinha de realizar um movimento ensaiado de segurar a bola e fazer um passe longo em direção ao atacante. “O rapaz que precisava fazer o lançamento não acertava de jeito nenhum. O Hagi, então, decidiu pegar a bola e demonstrar. Logo de primeira ele acertou em cheio um passe longo e deu a bola no peito do companheiro. Todo mundo ficou surpreso em campo”, relembrou.

Hagi marcou três gols em Copas do Mundo, todos eles em 1994, edição em que a Romênia fez a melhor campanha da história e chegou às quartas de final. No Mundial seguinte, em 1998, o país foi cabeça de chave. O favoritismo levou o elenco da época a fazer uma promessa: se ganhassem os dois primeiros compromissos, todos os jogadores pintariam os cabelos de amarelo e o treinador teria de raspar a cabeça.

Após vencer Colômbia e Inglaterra, os romenos chamaram à concentração na França alguns cabeleireiros para executar o serviço. Tudo foi feito em segredo até mesmo das famílias e a mudança coletiva de visual só se tornou pública no jogo seguinte contra a Tunísia. Curiosamente, a equipe do treinador careca e dos jogadores de cabelo amarelo não venceria mais naquela Copa e seria eliminada nas oitavas de final pela Croácia.

Depois da eliminação, alguns atletas reclamaram da pressão para aceitar a mudança de visual. Um dos romenos contou que no processo para tingir o cabelo, o produto químico da tintura causou irritação na pele. Líder daquele elenco, Hagi foi um dos que topou a mudança completa do visual. O único que escapou foi o goleiro Bogdan Stelea, que era totalmente careca.