O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o primeiro quadrimestre de 2024 foi “excepcional” para as contas públicas, mas ponderou que ainda não há dimensão do desafio econômico que será gerado pelas tragédias no Rio Grande do Sul.

“O Rio Grande do Sul, para nós, é uma questão que temos que enfrentar, questão humanitária, econômica, social … Não vamos nos furtar a atender o Rio Grande do Sul”, disse Haddad, durante audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados para discutir a política econômica do País.

O ministro questionou se é razoável sair de um déficit contratado de mais de R$ 200 bilhões para um equilíbrio fiscal no período de um ano. “É isso que pode acontecer”, comentou, em referência à meta primária de déficit zero.

Ele também voltou a defender a harmonização política e fiscal. “Sempre defendi a tese de que a política fiscal e monetária têm que se harmonizar. São braços do mesmo organismo, não são organismos diferentes. Ou seja, elas têm que andar firmemente juntas”, disse.

Segundo o ministro, com políticas fiscal e monetárias mais saudáveis, é possível garantir um ciclo virtuoso à economia brasileira.

Ele reforçou o desejo de que a economia gaúcha se recupere o mais rápido possível e destacou que haverá reforço nacional em prol da reconstrução do Estado, com parceria entre Executivo e Legislativo.

Haddad disse ainda que o cenário externo gera desafios para a economia brasileira, como o próprio nível dos juros internacionais, especialmente dos Estados Unidos. Também citou que deve haver atenção à guerra comercial, em um cenário em que a China “despeja” mercadorias muito baratas em outros países, e à inflação na economia norte-americana e na Europa.

“Não tem céu de brigadeiro, tem que tomar cuidado com muita coisa”, reforçou o ministro. Apesar das adversidades externas, ele citou que o Brasil pode fazer um ajuste fiscal com baixo custo social já que “não deve nada a ninguém”, não depende do Fundo Monetário Internacional (FMI) e tem uma reserva de dólares robusta.

Durante a audiência, ele citou o compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em impulsionar investimentos, como medidas referentes ao setor de aço e cerca de R$ 100 bilhões que poderão vir com o setor de celulose.