Indagado, em entrevista à GloboNews, sobre o cumprimento da meta fiscal em 2025 com excepcionalidades, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, resgatou os déficits de governos passados. Ele argumentou que o cálculo do resultado primário “não tem nada a ver com o arcabouço fiscal, tem a ver com o Banco Central”.
“Se o gasto é primário, ele é contabilizado, dentro ou fora da meta não se discute. O Banco Central não quer saber se está dentro da meta ou fora da meta, ele faz a conta do gasto público”, disse Haddad. “Se atualizar número pela inflação, vai chegar perto de R$ 200 bilhões de déficit de um governo que era tido como responsável”, argumentou citando a passagem do ministro Henrique Meirelles para Paulo Guedes.
Ele elogiou Meirelles, “é uma pessoa que conta com a minha amizade, fomos colegas de ministério durante muitos anos”.
Segundo o atual titular da Fazenda, o Orçamento herdado por ele de Guedes, considerando Bolsa Família e precatórios, e também atualizando pela inflação, igualmente ficou na casa dos R$ 200 bilhões. “Quer dizer, o déficit que eu herdei é o mesmo déficit que o Guedes herdou do Meirelles e a coisa não se resolvia. Não vai acontecer isso de novo (com sucessor)”, sustentou. “Com apoio do Congresso e nos limites que eu posso, eu estou fazendo um trabalho para entregar um horizonte muito melhor do que o que eu recebi. Ponto. Isso é matemática.”
Sem citar nomes, Haddad disse haver uma dificuldade de analistas e economistas “de jornal” em aceitar os números oficiais em torno do déficit público. “Eu trabalho com dado oficial, de lei; não trabalho com ilusão de economista neoliberal que quer atacar o governo”, prosseguiu. “Agora, se a pessoa está incomodada, paciência, vai escrevendo no jornal: eu fico lendo ali, lamentando o que está acontecendo.”