Se as eleições presidenciais fossem hoje, o candidato Fernando Haddad, representante do ex-presidente Lula na disputa, seria o franco favorito. É o que mostra a pesquisa Vox Populi, divulgada na quinta-feira 13, que já o coloca com 22% dos votos, à frente do deputado Jair Bolsonaro, que tem 18%. No segundo turno, o petista apresenta também uma margem amplamente confortável, vencendo o ex-capitão por 36% a 24%.

Esse desfecho é o resultado direto da estupidez da centro-direita brasileira, representada pelo PSDB, que se desviou do processo democrático, apoiou um golpe contra a presidente Dilma Rousseff, implantou uma agenda rechaçada quatro vezes nas urnas por meio de Michel Temer e incentivou a perseguição judicial contra o ex-presidente Lula. O mea culpa foi feito também na quinta-feira pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que apontou o erro fatal da adesão a Temer e a atitude indigna de um partido que não pode mais se apresentar como agente do campo democrático.

Essa confissão de culpa significa que, na prática, os tucanos foram os grandes responsáveis pelo renascimento do PT, que, dois anos antes, nas eleições municipais de 2016, parecia extremamente fragilizado. Segundo a mesma pesquisa Vox, Geraldo Alckmin, com mais da metade do tempo de TV, caiu de 7% para 4% e já corre o risco de ser ultrapassado por nomes como João Amoêdo, Henrique Meirelles e Alvaro Dias. Em São Paulo, em que se aponta para um segundo turno entre Paulo Skaf e João Doria, a tendência é que o eleitor de esquerda apoie o presidente licenciado da Fiesp — menos por convicção e mais pela imensa ojeriza que o tucano foi capaz de provocar com suas palavras e atitudes. Ou seja: mais do que ser humilhado na disputa presidencial, o PSDB pode também amargar uma derrota maior, que seria a perda do chamado “Tucanistão”.

De volta ao plano federal, Haddad é favorito, mas algumas ameaças despontam no horizonte. No campo progressista, ele será alvo da artilharia de Ciro Gomes, que tem dito que o Brasil não merece um “presidente por procuração”. Ciro, no entanto, deve buscar argumentos melhores, porque o desejo do eleitor é justamente a volta de Lula — ainda que por meio de um representante. No segundo turno, o provável rival de Haddad, que é Bolsonaro, poderá se beneficiar de um tom mais emotivo, que o humanizaria numa campanha feita a partir de um leito hospitalar. Ou seja: é possível que sua rejeição diminua. Além disso, como Bolsonaro dificilmente poderá participar de debates, ele também lucraria ao não se expor ao confronto de ideias e argumentos com Haddad, em que sua desvantagem seria flagrante. Dito isso, é importante que os agentes econômicos, que embarcaram na loucura de um golpe de estado, comecem a se adaptar para o retorno de um governo progressista e democrático no Brasil.

O renascimento do PT é o resultado da estupidez da centro-direita nos últimos anos

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