O candidato ao governo paulista Fernando Haddad (PT) afirmou na noite desta sexta-feira, 14, que, se eleito, vai desapropriar terras improdutivas no Estado, como determina a lei. O ex-prefeito afirmou que sua polĆtica serĆ” a de promover a reforma agrĆ”ria em SĆ£o Paulo, quando necessĆ”rio, para que o campo cumpra a sua funĆ§Ć£o social e para que o preƧo do alimento caia.
“Se nĆ³s cumprirmos a lei, vai ficar bom para todo mundo. NĆ£o podemos considerar a hipĆ³tese de invasĆ£o de terras produtivas, de um lado; e, de outro, nĆ£o podemos aceitar que a terra nĆ£o cumpra sua funĆ§Ć£o social. A lei Ć© muito clara: se a terra cumpre a sua funĆ§Ć£o social ela tem de ser preservada pelo poder pĆŗblico e eu vou fazer cumprir a lei. Se a terra nĆ£o cumpre funĆ§Ć£o social, nĆ£o precisa de invasĆ£o. Basta fazer chegar ao conhecimento do governador que ele vai desapropriar para fins de reforma agrĆ”ria para a terra produzir”, explicou.
Segundo Haddad, dar o uso correto Ć terra Ć© necessĆ”rio para que se produza mais alimentos e se faƧa baixar os preƧos. “Hoje, o alimento estĆ” muito caro no supermercado porque a produĆ§Ć£o de alimentos por habitantes estĆ” diminuindo no Brasil”, completou.
Ao comentar a ausĆŖncia de seu adversĆ”rio no debate – TarcĆsio de Freitas (Republicanos) faltou ao evento previamente marcado -, o petista criticou a decisĆ£o do ex-ministro de reduzir o preƧo do pedĆ”gio na Via Dutra apenas no trecho carioca. Haddad afirmou que vai trabalhar para que os pedĆ”gios das rodovias que cortam o Estado tenham o mesmo valor em toda a sua extensĆ£o.
“Ele (TarcĆsio) estava voltado para os interesses dos cariocas e nĆ£o aos interesses de todos os que usam a Dutra”, afirmou, ressaltando ainda que o candidato do Republicanos Ć© carioca e mudou-se para SĆ£o Paulo apenas para disputar a eleiĆ§Ć£o.
Fernando Haddad Ć© entrevistado por um pool de veĆculos de imprensa nos estĆŗdios do SBT em substituiĆ§Ć£o ao debate que havia sido marcado para a data. O evento Ć© promovido tambĆ©m por EstadĆ£o, RĆ”dio Eldorado, CNN, Veja, Terra e RĆ”dio Nova Brasil.
Na Ć”rea econĆ“mica, o petista defendeu sua proposta de aumentar em 20% o salĆ”rio mĆnimo paulista, chegando a R$ 1.580 jĆ” em janeiro de 2023. Ele afirmou que Ć© necessĆ”rio mudar o cenĆ”rio atual, onde sĆ³ empresas ganham. Entre suas metas no campo financeiro estĆ” ainda a reduĆ§Ć£o do ICMS que incide sobre os produtos da cesta bĆ”sica.
“Quem tem mais renda paga, proporcionalmente, menos imposto no Brasil, Quem tem menos renda paga, proporcionalmente, mais imposto no Brasil. E, por quĆŖ? Porque os impostos incidem muito sobre o consumo e pouco sobre o patrimĆ“nio. O pobre acaba sendo aquele que sustenta o orƧamento pĆŗblico. Quem tem o mĆnimo de compromisso com a justiƧa social tem de inverter essa lĆ³gica. NĆ£o faz sentido o mais pobre pagar ICMS sobre a cesta bĆ”sica. Temos, entĆ£o, de reduzir o imposto sobre o consumo parra comeƧar. Ć assim que vamos corrigir as injustiƧas tributĆ”rias do nosso PaĆs”, defendeu.
Haddad nĆ£o deixou claro, no entanto, se pretende propor uma nova forma de tributaĆ§Ć£o no Estado. O petista defendeu que ricos paguem mais impostos sem explicar como se daria essa mudanƧa, que, em tese, depende de um projeto a ser aprovado no Congresso Nacional. Quando prefeito, sua gestĆ£o em SĆ£o Paulo ficou marcada, entre outros fatores, por sua tentativa de aumentar o IPTU especialmente nas regiƵes mais nobres da cidade.
OrƧamento secreto
Quando teve a oportunidade, o petista usou de seu tempo para associar TarcĆsio de Freitas ao governo Jair Bolsonaro e ao orƧamento secreto. Haddad disse que nĆ£o vĆŖ problema em manter quadros tucanos em um eventual governo seu no Estado, mas afirmou que nĆ£o aceitarĆ” indicados pelo CentrĆ£o.
“VocĆŖ nĆ£o entra e sai demitindo. VocĆŖ tem novas prioridades, mas hĆ” tĆ©cnicos que podem acompanhar o chefe do Executivo nessas novas prioridades para que nĆ£o haja descontinuidade”, disse. “Mas quero dizer que a primeira providĆŖncia que eu vou tomar Ć© pedir para o CentrĆ£o sair do governo. O CentrĆ£o nĆ£o estĆ” no governo por questƵes tĆ©cnicas, mas por outras razƵes. NĆ£o vou tolerar esse toma lĆ”, dĆ” cĆ”. Fico atĆ“nito de ver como o meu adversĆ”rio diz com todas as letras que a turma do CentrĆ£o virĆ” para SĆ£o Paulo, inclusive com o orƧamento secreto.”
O petista afirmou ser possĆvel fazer em SĆ£o Paulo um “governo de coalizĆ£o” sem interromper o que funciona no Estado. Haddad destacou que, ao se tornar ministro da EducaĆ§Ć£o no governo Luiz InĆ”cio Lula da Silva (PT), mudou as prioridades da pasta, mas sem descontinuar o trabalho anterior. “NĆ£o hĆ” contradiĆ§Ć£o entre uma coisa e outra. Em uma RepĆŗblica vocĆŖ faz assim: uma anĆ”lise criteriosa dos programas, continua e atĆ© expande o que estĆ” dando certo e inova para atender aos anseios da populaĆ§Ć£o”, disse, ao responder a uma pergunta sobre como mudarĆ” a forma de governar SĆ£o Paulo se faz campanha ao lado de Geraldo Alckmin (PSB), que governou SĆ£o Paulo por 13 anos.
SeguranƧa PĆŗblica
Ao comentar sobre seus planos de aumentar os efetivos das polĆcias Civil e Militar, o candidato informou que pretende estabelecer metas para a seguranƧa pĆŗblica em SĆ£o Paulo. “Eu penso que ao se rever uma carreira Ć© preciso pactuar um pacote com essa carreira. Temos de contratar mais investigadores, delegados, policiais militares. A reposiĆ§Ć£o dos aposentados tem de ser feita tambĆ©m, mas precisamos associar isso a determinado cumprimento de metas de reduĆ§Ć£o de crimes patrimoniais, por exemplo. Qual o compromisso que teremos? E isso deve ser estabelecido em comum acordo porque nĆ£o adianta termos metas inatingĆveis”, explicou.
Haddad disse ainda que Ć© preciso dar prioridade Ć prevenĆ§Ć£o de crimes contra a vida e tambĆ©m crimes rurais, que, segundo ele, explodiram na regiĆ£o do Vale do ParaĆba, no interior. Desta vez, o ex-prefeito nĆ£o falou do programa de cĆ¢meras nos uniformes de parte dos PMs, mas sua campanha defende a manutenĆ§Ć£o e atĆ© ampliaĆ§Ć£o do programa.