Ao reforçar o apelo para a queda na taxa Selic, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira, 2, que, quando se manifesta sobre a taxa de juros, procura ser o mais técnico possível e se baseia em informações das secretarias do Ministério da Fazenda.

“Não é porque você está discutindo que você não está sendo técnico”, afirmou Haddad. “Procuro me basear nas informações das secretarias do Ministério da Fazenda, que têm funcionários tão qualificados quanto os do Banco Central, não são menos, nem mais qualificados”, acrescentou o ministro, reforçando que há “milhares de técnicos” trabalhando na Fazenda e também no Banco Central.

Haddad mencionou que muitas vezes existe a dualidade entre um lado “político” e outro “técnico”, mas que algumas vezes isso é uma “meia verdade”.

“Tecnicamente falando, você pode discutir. Você tem uma situação em que a discussão é possível, com base em indicadores. É possível abrir debate técnico para verificar melhores possibilidades”, explicou o ministro, reforçando que as análises podem divergir de um técnico para o outro e que sempre tratou o presidente do Banco Central e seus diretores tecnicamente. “Dá impressão que um lado é técnico e outro, não; isso é um demérito para técnicos da Fazenda”, disse.

O ministro também lembrou que muitas vezes as decisões do próprio Comitê de Política Monetária (Copom) não são unânimes. “E se não fosse assim, você não teria opiniões divergentes no mercado financeiro sobre a intensidade de corte na Selic na reunião desta semana, de 0,25 ponto porcentual, 0,50 ou 0,75”, reforçou.

Para Haddad, ao longo de todo o período em que a taxa Selic ficou em 13,75% ao ano, tanto o Brasil quanto a economia global mudaram. “O Congresso, os judiciários, e as agências de rating trabalharam muito”, citou o ministro, dizendo que é preciso valorizar o que foi feito por parte do governo “na prática” para “colocar a casa em ordem”.

Haddad também justificou que as críticas do presidente Lula em relação ao nível de juros nunca pretenderam ofender prerrogativas estabelecidas em lei. “Durante todo o processo eleitoral, Lula deixou claro que iria conviver com as instituições que ele recebesse de legado. Ele sempre defendeu instituições e nunca pretendeu ofender prerrogativas estabelecidas em lei, mas isso não o impede de discutir taxa de juro.”