A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira, 2, Walter Delgatti Neto, conhecido como “Hacker da Vaza Jato”, durante a Operação 3FA. Ele teria dito em depoimento à corporação que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) supostamente o questionou se conseguiria invadir as urnas eletrônicas se estivesse munido do código-fonte dos equipamentos.

Resumo:

  • Além do hacker Walter Delgatti, a deputada federal Carla Zambelli também foi alvo da Operação 3FA;
  • Em depoimento, ele relatou que teve uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio da Alvorada;
  • A Polícia Federal cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em endereços ligados à parlamentar.

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A reunião entre Walter e Jair Bolsonaro teria ocorrido no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF). A ISTOÉ teve acesso ao despacho assinado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, no qual contém o depoimento de Walter Delgatti em que afirmou o plano de invadir as urnas não foi adiante porque ” o acesso que foi dado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) foi apenas na sede do Tribunal” e ele não poderia ir até o local.

O encontro entre os dois teria sido intermediado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que também foi alvo da operação deflagrada pela corporação.

Além disso, o hacker ressaltou que o ex-presidente não teve relação com a invasão aos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para inserir alvarás de soltura e falsos mandados de prisão no BNMP (Banco Nacional de Monitoramento de Prisões).

Os documentos forjados nesses sistemas incluíam um mandado falso de prisão contra Alexandre de Moraes. No ofício, havia a frase “faz o L”, em referência ao slogan da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A Polícia Federal explicou que, no início, as investigações tramitavam na Justiça Federal, “mas teve declínio de competência para o Supremo Tribunal Federal em razão do surgimento de indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro”.

Operação 3FA

A Operação 3FA deflagrada pela Polícia Federal tem como objetivo esclarecer a invasão aos sistemas do CNJ. Os agentes cumpriram uma ordem de prisão preventiva contra Walter Delgatti Neto e também outros cinco mandados de busca e apreensão em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli, sendo três deles no Distrito Federal e dois em São Paulo.

Entre as medidas contra a parlamentar, o ministro Alexandre de Moraes determinou a apreensão de armas, munições, computadores, tablets, celulares, outros dispositivos eletrônicos, passaporte, dinheiro e bens como joais, veículos, obras de arte e outros objetos.

Carla Zambelli

Por meio de nota enviada à ISTOÉ, o advogado Daniel Leon Bialski informou que a parlamentar recebeu com surpresa a operação deflagrada nesta quarta-feira, pois ela já havia se colocado formalmente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.

“A deputada não praticou qualquer ilicitude e confia que ao final das investigações sua inocência ficará comprovada”, finalizou.